Giovanna Boscolo, famosa por seu papel na novela “Chiquititas“, está prestes a trilhar uma nova e emocionante jornada como atleta paralímpica. A ex-atriz mirim, que cativou o público com sua interpretação de Michelle na série do SBT, está se preparando para a estreia nas Paralimpíadas de Paris 2024. O que antes era uma carreira promissora na televisão agora se transforma em um desafio esportivo de alto nível, mostrando uma trajetória inspiradora de adaptação e superação.
Diagnosticada com Ataxia de Friedreich aos 15 anos, uma condição neurodegenerativa rara, Giovanna viu sua carreira como atriz ser interrompida por questões de saúde. A Ataxia de Friedreich compromete a coordenação motora e a função muscular, resultando em dificuldades na marcha, no equilíbrio e na coordenação fina, além de afetar a fala. O diagnóstico precoce, surgido durante sua prática na ginástica acrobática, mudou o rumo de sua vida e direcionou-a para novos horizontes.
Após o diagnóstico, Giovanna decidiu se aprofundar na biomedicina, focando na genética e na pesquisa sobre a sua condição. “Eu fui estudar biomedicina pensando na genética, em estudar Ataxia, para buscar entender como funciona a fisiologia do meu corpo, a doença em si, métodos de cura. O que eu poderia fazer para tentar retardar o máximo possível para ajudar não só a mim, como muitos que têm (a doença) no Brasil. Por ser uma doença muito rara, temos menos estudos, então era uma área pela qual eu me identifiquei. Cheguei a atuar na área só em estágio. Fiz estágio em laboratório clínico e no Comitê Paralímpico Brasileiro, na Fisiologia do Esporte”, explica Giovanna para o Ge.
Durante seu estágio no Comitê Paralímpico Brasileiro, Giovanna teve a oportunidade de se envolver com o mundo do esporte adaptado. Em outubro de 2023, ela começou a treinar atletismo paralímpico, dedicando-se ao arremesso de peso e ao arremesso de club. Essas provas exigem que os atletas, sentados em uma cadeira, arremessem objetos o mais longe possível. Em poucos meses de treinamento, Giovanna se destacou e garantiu uma vaga para as Paralimpíadas de Paris. Em fevereiro de 2024, sua participação em uma competição internacional em Dubai confirmou sua presença no evento, marcando um momento de grande realização.
“O esporte paralímpico muda vidas. Foi muito importante para mim, porque eu me senti pertencente. Eu vi que ser deficiente é só um detalhe. Porque a sociedade tem um olhar muito diferente do que nós do movimento temos. Eu acho que essa vitimização me pegava um pouco, mas hoje em dia eu sinto que eu estou bem. Mas eu tenho essa mentalidade por conta do paralímpico, do esporte, da inspiração de ver pessoas com deficiência em tão alto nível, no esporte e na vida. Eu acho isso muito importante, porque é um impulso para pessoas que têm deficiência, que podem ter a mesma questão que a minha. Para mim, o esporte paralímpico foi, assim, um divisor de águas, entendeu? Foi incrível!”, reflete Giovanna.
Às vésperas das Paralimpíadas de Paris, Giovanna está entusiasmada para dar o melhor de si e utilizar a visibilidade proporcionada pelo evento para inspirar e apoiar outros que enfrentam desafios semelhantes. Ela espera que a competição traga mais visibilidade para a Ataxia de Friedreich e ajude a promover a inclusão e a conscientização sobre a deficiência. “Estou muito feliz, muito grata por estar indo, por estar podendo participar de um evento de tão grande porte. Tenho as melhores expectativas possíveis, acho que vai ser incrível pra minha história, pra minha bagagem, até para conhecer novas pessoas, conhecer novas histórias”, diz Giovanna. Ela planeja usar sua plataforma para alcançar e ajudar outras pessoas que enfrentam condições semelhantes, aproveitando a visibilidade conquistada com sua participação em “Chiquititas” e agora nas Paralimpíadas.
“Eu não seria quem eu sou, não estaria onde eu estou e não teria a maturidade que eu tenho hoje em dia se não fosse pelo diagnóstico de Ataxia de Friedrich. Então é difícil? É. Mas é mostrar que dá, é mostrar que tudo bem, vamos tentar fazer o melhor possível com que a gente tem. Eu acho que isso é o principal, né? É a gente conseguir fazer o melhor com situações adversas da vida que isso estimula o crescimento também. Tanto emocional, quanto mental.”, conclui Giovanna.
