A passageira Silviana dos Santos estava com o filho Davi na Rodoviária de Cuiabá aguardando a chegada de um ônibus para retornarem ao município de Juara, a 690 km da capital.

No documento policial, Silviana conta que comprou duas passagens de ônibus leito, pensando em proporcionar mais conforto ao filho, com saída de Cuiabá às 19h, com destino ao município de Juara, mas o veículo fornecido pela empresa, com previsão de saída num horário mais cedo, não possuía as poltronas leito prometidas e já estava lotado.
No boletim de ocorrência, a mulher destaca que perguntou se outro veículo seria enviado para o terminal para substituir aquele, mas teria recebido uma resposta ríspida de um colaborador, informando que somente o ônibus estacionado seguiria para Juara.

Antes de decidir esperar mais de 12 horas na rodoviária, Silviana tentou protestar contra a empresa, mas não foi respeitada nem pela empresa, nem pelos passageiros. “Eu simplesmente sentei na escada do ônibus e disse que não iria a lugar algum. Neste momento, houve confusão e fui humilhada. Os passageiros que tinham comprado passagem comum queriam embarcar e ir embora. Afinal, eu era a única pessoa com um filho autista sem assento. Então, um passageiro ligou para a Polícia Militar”, relatou Silvana.
Como não conseguiram embarcar, ela e o filho ficaram mais de 12h na rodoviária até o dia seguinte quando conseguiram entrar no veículo desejado. Silviana conta que durante o tempo de espera o filho, que está dentro do espectro autista, passou a noite em pânico devido a situação.

Segundo ela, a empresa não ofereceu nenhuma assistência alimentícia, médica ou de hospedagem. A advogada Talissa Nunes afirma que em situações como essa cabem recursos judiciais contra a empresa.
Ainda conforme o boletim, a vítima ligou para o funcionário que fez a venda das passagens, mas as ligações foram ignoradas. “O ônibus partiu às 19h01 e eu fiquei na plataforma com meu filho em crise, chorando, com quatro volumes de malas. Os representantes locais da empresa saíram, levando consigo minhas passagens, sem me dar assistência de veículo, hospedagem, alimentação ou tratamento médico para a crise de autismo do meu filho”, destacou a mãe.
