Recentemente reverberou na imprensa caso de bullying onde 34 alunos de um dos colégios mais tradicionais de São Paulo foram suspensos, e destes, quatro expulsos. Eram cerca de duzentos no grupo de WhatsApp com a finalidade de fazer trote. Pergunto, e os outros 166 alunos? Concordavam? Acredito que não. Se calaram, foram omissos?

A comunicação entre os agressores foi eficiente, mas não entre os agredidos. Muitos estranharam as ordens absurdas dadas pelos mais velhos, porém as obedeceram como se fossem indefesos ou como se fossem razoáveis. Quando algo desse tipo ocorre, surge a necessidade de uma solução rápida. E encontrar culpados para eliminá-los, parece ser a resposta. Pode ser para o ocorrido agora, porém isto pode trazer uma enganosa sensação de dever cumprido. Encontrar culpados e simplesmente excluí-los é uma solução paliativa, embora muitas vezes necessária. Proibir a internet, o WhatsApp e as mídias sociais também pode parecer uma solução, mas apenas reforça a sensação de que “pelo menos algo foi feito”. Na realidade, o problema é mais profundo e necessita análise detalhada para entender por que e como este tipo de fato ocorreu e pode continuar ocorrendo.
Li na imprensa que a escola está buscando soluções, além da exclusão dos maiores responsáveis pelo fato. Acredito que esse tema deve ser amplamente debatido em todas as escolas, com a participação dos pais, pois não se trata de um caso isolado.
Este fato me trouxe a reflexão sobre os trotes e as tradições nas escolas e faculdades. Vi alguns comentários atribuindo a gravidade do ocorrido às mídias sociais, principalmente o uso de WhatsApp entre os alunos. Seria solução a proibição do uso de WhatsApp a eles? Seria solução a proibição das mídias sociais aos jovens? Estas questões eu respondo com mais uma questão, seria o WhatsApp e ou as mídias sociais causas do problema ou causas da revelação e parte da solução destes problemas? Afinal, foi uma mãe que buscou em mensagens no WhatsApp para saber o que estava ocorrendo e trouxe tudo à tona.
Aquilo que deveria ser uma atividade de integração dos novos alunos e futuros colegas, e introdução à cultura e tradição da escola muitas vezes se transforma em tragédia. Lembrei-me do acidente ocorrido com calouros do ITA nos anos sessenta, onde três deles tiveram seus corpos queimados. Estavam lavando seus corpos com querosene para tirar a tinta a óleo com a qual foram pintados, quando um deles acende um cigarro. Recordei-me do calouro da FMUSP que morreu afogado na piscina da faculdade já nos anos 2000. Fiz um levantamento na internet sobre violência nos trotes e fiquei chocado com tanta notícia ruim ao longo do tempo. Mortes, queimaduras, intoxicações, abusos psicológicos, físicos e sexuais, justamente numa camada da população que é considerada elite na nossa escala social, os universitários.

Ou seja, o problema não é novo, nem pior que no passado. Hoje temos a possibilidade de debater com os jovens o ocorrido e sensibilizá-los para rejeitar imposições absurdas.
Dica aos pais: ensine sua criança: Quando alguém lhe fizer uma proposta estranha, pedir segredo, ou propor fazer coisa oculta, – GRITE!
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