Se você já ouviu falar da síndrome do coração partido, talvez tenha pensado que se trata de algo puramente emocional. Mas essa condição tem um impacto real no corpo e pode afetar mais as mulheres, especialmente entre os 35 e 65 anos. Também conhecida como cardiomiopatia por estresse ou Síndrome de Takotsubo, ela tem sintomas parecidos com os de um infarto e pode ser desencadeada por eventos de grande impacto emocional.
O que é a síndrome do coração partido?
A Síndrome de Takotsubo é uma condição temporária em que o músculo cardíaco enfraquece devido ao estresse intenso. “A cardiomiopatia por estresse ocorre quando o músculo cardíaco enfraquece temporariamente devido a situações de intenso estresse emocional ou físico”, explica a cardiologista Keila de Lolo Guerra de Freitas, da rede AmorSaúde. Essa fragilidade momentânea faz com que o coração apresente um formato característico nos exames, semelhante a um vaso de cerâmica japonês chamado “takotsubo”, que inspirou o nome da síndrome.
Por que as mulheres são mais afetadas?
As mulheres entre 35 e 65 anos estão mais vulneráveis porque atravessam o climatério, a fase que antecede a menopausa e que traz mudanças hormonais importantes. “Durante esse processo, há uma queda natural nos níveis de estrogênio, hormônio que exerce um papel protetor sobre o sistema cardiovascular”, afirma Keila. Com menos estrogênio, o coração fica mais suscetível a fatores como hipertensão e colesterol alto, aumentando o risco de doenças cardíacas.
Fora as questões hormonais, as mulheres também lidam com altos níveis de estresse. Segundo a pesquisa FEEx – FIA Employee Experience, elas enfrentam 12% mais estresse excessivo do que os homens. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde, são 2,3 vezes mais propensas a desenvolver depressão, o que também aumenta a vulnerabilidade ao problema.

Sintomas e diferenças entre infarto e síndrome do coração partido
Os sintomas da síndrome do coração partido são muito semelhantes aos de um infarto, o que pode gerar preocupação. Os principais sinais incluem:
- Dor no peito;
- Falta de ar;
- Palpitações;
- Suor excessivo.
A diferença principal está nos exames. “Nos casos de cardiomiopatia por estresse, os exames não mostram obstrução das artérias coronárias, como ocorre em um infarto”, explica a cardiologista. O bom é que, geralmente, a condição é temporária e reversível, sem grandes sequelas.
Fatores de risco
Embora o estresse seja o principal gatilho, outros fatores também podem aumentar o risco da síndrome, como:
- Ansiedade e depressão;
- Hipertensão arterial;
- Histórico familiar de doenças cardíacas;
- Uso excessivo de estimulantes, como cafeína.
“Pessoas com histórico de transtornos emocionais ou doenças cardiovasculares precisam estar ainda mais atentas aos sinais do corpo”, alerta a especialista.
Como é feito o diagnóstico?
Para confirmar a síndrome, os médicos costumam solicitar exames como eletrocardiograma, ecocardiograma e exames de sangue. Em alguns casos, é necessária uma angiografia coronariana para descartar a presença de obstruções nas artérias.
“Um dos motivos pelo qual essa condição recebeu o nome de síndrome do coração partido é a aparência do coração nos exames, em que parte dele parece estar dividida”, explica Keila de Freitas.

Tratamento e prevenção
O tratamento costuma envolver medicamentos que ajudam a estabilizar a função cardíaca e aliviar os sintomas. “A boa notícia é que, na maioria dos casos, o músculo cardíaco se recupera completamente em poucas semanas”, afirma a médica. No entanto, é fundamental cuidar das emoções para evitar novas crises.
Para prevenir a síndrome do coração partido, algumas estratégias ajudam:
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Manter uma alimentação equilibrada;
- Buscar formas de relaxamento, como meditação e yoga;
- Ter boas noites de sono;
- Cultivar relações sociais saudáveis;
- Evitar excesso de álcool e cafeína.
“A prevenção passa pelo cuidado integral da saúde física e emocional. Aprender a gerenciar o estresse é essencial para proteger o coração e ter mais qualidade de vida”, conclui a especialista.