Você provavelmente já ouviu alguém dizer que está “com uma dorzinha de cabeça” e nem deu tanta bola. Mas, quando a dor é constante, latejante, vem acompanhada de sensibilidade à luz, enjoo e até tontura, a história muda de figura. É o caso da influenciadora Virginia Fonseca, que revelou recentemente estar em tratamento contra enxaqueca crônica. E não é qualquer dorzinha, não. Segundo ela, antes de começar o tratamento, “não vivia um dia sem dor”

Quando a dor de cabeça não é só uma dor de cabeça
Enxaqueca é muito mais do que uma dor incômoda. É uma condição neurológica complexa que afeta diversos aspectos da vida de quem sofre com ela. “Além da dor latejante, o paciente pode ter fotofobia, fonofobia, náuseas, distúrbios de sono e até problemas de memória”, explica o Dr. Tiago de Paula, neurologista especialista em cefaleia, membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC).
Por que a enxaqueca afeta mais mulheres?
A genética dá uma forcinha (nada boa) nessa história. De acordo com o Dr. Tiago, já foram identificados cerca de 180 pontos no código genético que predispõem uma pessoa a desenvolver enxaqueca. Mas não para por aí. Os hormônios, principalmente o estrogênio, também têm um papel importante – por isso, a condição é mais comum entre mulheres.
O ambiente também influencia bastante. Rotina puxada, estresse constante, noites mal dormidas e alimentação desregulada podem ser grandes gatilhos. “Alimentos estimulantes, como café, chocolate, energéticos e até alguns termogênicos, como gengibre e pimenta vermelha, podem piorar as crises”, alerta o médico.
Remédio de crise ajuda ou atrapalha?
Muita gente recorre a analgésicos para aliviar a dor. Mas no caso da enxaqueca crônica, isso pode virar um ciclo perigoso. “Os remédios de crise não tratam a causa da doença. Quando usados com frequência, acabam piorando a condição, num quadro chamado de cefaleia por uso excessivo de medicamentos”, explica o neurologista.
Tratamento completo: foco no estilo de vida e alta tecnologia
O segredo está em tratar a enxaqueca de forma integrada. Na clínica que acompanha Virginia, o foco é melhorar a qualidade de vida e reduzir tanto a frequência quanto a intensidade das crises. E não, não se trata apenas de remédios.
Além de acompanhamento com neurologistas, psicólogos e nutricionistas entram no time. Mudanças na alimentação e no estilo de vida são essenciais. E, quando falamos de tecnologia, o tratamento conta com soluções modernas, como a aplicação de toxina botulínica em pontos estratégicos da cabeça. Isso mesmo! A famosa toxina usada para estética também ajuda a “acalmar” o cérebro e diminuir a dor.
Outro tratamento de ponta são os medicamentos monoclonais Anti-CGRP, desenvolvidos especificamente para combater a enxaqueca. “Eles bloqueiam o efeito de uma substância que intensifica a dor e está presente em maiores quantidades em pacientes com enxaqueca”, explica o médico.
E o que mais pode ajudar?
Virginia também está utilizando um dispositivo de neuroestimulação, que aplica pequenos estímulos elétricos em nervos da região da testa. Parece coisa de filme de ficção científica, mas é ciência pura! A técnica ajuda a reduzir a transmissão dos sinais de dor e a “acalmar” o cérebro hiperativo, típico da enxaqueca crônica.
Sessões de fisioterapia também fazem parte do pacote de cuidados. Afinal, o tratamento da enxaqueca não se resume a combater a dor, mas a entender o que causa e intensifica cada crise, e como reequilibrar o corpo e a mente.

Enxaqueca tem cura?
Infelizmente, ainda não. Mas tem controle. E com o tratamento certo, dá para ter mais dias bons do que ruins. “Cada paciente é único, e o plano de tratamento deve ser personalizado. Identificar os gatilhos e fatores que cronificam a enxaqueca é essencial para manter as crises sob controle”, finaliza o Dr. Tiago.
Se você ou alguém da sua família sofre com enxaqueca, vale ficar de olho nos sinais, procurar um neurologista e considerar abordagens que vão além da farmacinha. Qualidade de vida é possível, sim – e começa com informação!