Pode parecer estranho à primeira vista, mas uma tendência curiosa vinda da China e dos Estados Unidos está ganhando força nas redes sociais: o uso de chupetas por adultos como forma de aliviar a ansiedade e o estresse.
Vídeos virais no TikTok têm mostrado jovens e adultos usando o acessório, normalmente associado à infância, como se fosse um novo tipo de terapia alternativa. A prática gerou tanta repercussão que pequenas lojas virtuais começaram a vender versões personalizadas feitas especialmente para esse público.
De R$ 5 a R$ 380: o mercado das “adult pacifiers”
Na China, algumas lojas online relatam a venda de mais de 2 mil unidades por mês desde julho. Os preços variam bastante, de cerca de R$ 5 a R$ 380, dependendo do design, material e acabamento.
A justificativa mais comum entre os usuários é a de que o uso da chupeta ajuda a acalmar em momentos de crise de ansiedade ou estresse emocional.

Um alívio momentâneo e potencialmente perigoso
Apesar de parecer inofensivo, o uso prolongado da chupeta em adultos não é recomendado por profissionais da saúde. O Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aponta que esse tipo de comportamento pode ser apenas um paliativo, sem atacar as causas reais do problema emocional.
Roer unhas, puxar pelinhas dos lábios ou morder objetos são respostas comuns ao estresse. A chupeta entra nesse mesmo padrão, oferecendo alívio temporário, mas que pode gerar dependência.
Saúde bucal em risco
O uso contínuo da chupeta por adultos pode provocar problemas na arcada dentária, desgaste nos dentes e até alterações no posicionamento da mandíbula.
Além disso, o acessório exige cuidados rigorosos de higiene. “A falta de limpeza pode facilitar a proliferação de fungos e bactérias”, explicam os profissionais. Condições como candidíase oral (o famoso “sapinho”) e aftas podem surgir com facilidade em usuários frequentes.
Pode virar um novo vício?
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reconhece que o reflexo de sucção é natural e vital nos primeiros anos de vida. “A criança tem necessidade de sugar, especialmente no primeiro ano”, explica o Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP em nota oficial.
No entanto, o uso prolongado da chupeta, mesmo na infância, pode gerar dependência emocional, que, na fase adulta, pode evoluir para outros comportamentos compulsivos. “O uso por mais de dois anos pode ser substituído mais tarde por hábitos como fumar, comer em excesso ou usar vape”, alerta a entidade.