No Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, celebrado em 23 de novembro, Fernando Campos alerta para sinais que muitas vezes passam despercebidos, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento atento de pais, professores e profissionais de saúde.
“O câncer infantil é raro, mas quando não é identificado a tempo, o impacto na vida da criança e da família é enorme”, explica em entrevista à Pais&Filhos.
Fernando Campos é jornalista, escritor e palestrante. Ele transformou a própria superação em inspiração para milhares de pessoas.
Sobrevivente de câncer na retina durante a infância, ele perdeu a visão aos 2 anos, mas transformou esse desafio em aprendizado e hoje é uma das vozes mais fortes pela inclusão e diversidade no Brasil.
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O que é o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil?
O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce.
Além disso, a data busca informar pais, professores e profissionais de saúde sobre os sinais de alerta, mostrando que a atenção constante pode salvar vidas.
Nesse contexto, a data também serve para combater mitos e estigmas que ainda cercam a doença, além de fortalecer políticas públicas e campanhas de apoio às crianças e às famílias afetadas.
Dessa forma, a celebração promove educação, inclusão e mobilização social, reforçando que, quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores serão as chances de cura.
Sinais que passam despercebidos e confundem adultos
Segundo Fernando Campos, muitos sintomas iniciais do câncer infantil são sutis e frequentemente confundidos com doenças comuns.
“Febre persistente por mais de uma semana sem causa aparente, palidez prolongada, cansaço intenso, manchas roxas ou sangramentos merecem atenção imediata”, alerta.
Além disso, ele enfatiza que caroços indolores, massa abdominal palpável e alterações visuais, como reflexo branco nos olhos, podem surgir de forma intermitente.
“Como esses sinais nem sempre aparecem de maneira contínua, acabam sendo atribuídos a viroses, quedas ou fadiga. É um erro que pode custar caro”, acrescenta Campos.
O comunicador ainda reforça que os pais devem confiar na intuição. “Se algo parecer fora do comum para aquela criança, mesmo que seja raro, vale investigar. Não espere que os sintomas desapareçam sozinhos”, afirma.
Como os sintomas variam conforme a idade e quando investigar?
Campos explica que o câncer infantil apresenta perfis diferentes de acordo com a faixa etária.
“Neuroblastoma e retinoblastoma são mais frequentes em bebês, enquanto leucemias e linfomas aparecem principalmente em crianças maiores e adolescentes”, detalha.
No entanto, ele alerta que o mais importante não é apenas saber o tipo de tumor, mas perceber quando algo foge do padrão daquela criança.
“Sintomas como fadiga extrema, dor óssea persistente ou sangramentos sem causa clara exigem investigação médica imediata, mesmo que sejam raros. Informar os pais e não subestimar os sinais é fundamental”, reforça.
Por que o câncer infantil continua sendo diagnosticado tarde no Brasil?
De acordo com o comunicador, o tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico ainda é preocupante.
“Infelizmente, no Brasil, esse intervalo pode variar de algumas semanas a vários meses. Isso depende de fatores regionais, do acesso à atenção primária e da disponibilidade de exames”, explica.
Ele lembra que o atraso no diagnóstico aumenta a complexidade do tratamento.
“Quando a doença é detectada tardiamente, o tratamento precisa ser mais agressivo, há maior risco de sequelas, além do impacto emocional e financeiro. Portanto, reduzir o tempo até a investigação é essencial”, afirma.
Campos ainda alerta sobre as diferenças regionais no Brasil, especialmente no Norte e Nordeste, onde o risco de atraso é maior, o que pode comprometer o prognóstico de crianças com tumores agressivos.
Exames que ajudam na detecção precoce do câncer infantil
Embora não exista um exame único capaz de rastrear o câncer infantil, Campos enfatiza que práticas simples podem salvar vidas.
“Um exame físico detalhado — palpando o abdome, verificando linfonodos e avaliando os olhos — é fundamental. Frequentemente, é ali que os primeiros sinais aparecem”, explica.
Além disso, hemogramas, quando há palidez ou sangramentos, e ultrassonografias em casos de dor abdominal persistente ajudam na investigação precoce.
“Encaminhar rapidamente para exames de imagem ou avaliação especializada pode mudar completamente o prognóstico. Tempo é determinante”, reforça.
Ele também sugere que rotinas de acompanhamento médico, ainda que preventivas, podem reduzir atrasos.
“Mesmo em crianças aparentemente saudáveis, consultas periódicas permitem detectar sinais sutis que passam despercebidos no dia a dia”, comenta.
Mitos que atrapalham o diagnóstico do câncer infantil
Apesar de existirem formas de detectar rapidamente a doença, muitos mitos ainda dificultam o diagnóstico.
“É comum ouvir que é ‘dor de crescimento’, que a fadiga é ‘normal da idade’ ou que o câncer infantil é sempre hereditário. Essas crenças podem atrasar a busca por ajuda médica”, destaca Campos.
O comunicador também aponta que há desinformação sobre a semelhança com o câncer adulto.
“O câncer infantil tem biologia e tratamento diferentes. Além disso, alguns pais têm medo infundado sobre vacinas ou atividades cotidianas durante o tratamento. Informação correta é essencial para reduzir atrasos e salvar vidas”, ressalta.
Ouvir as crianças e fortalecer a rede de apoio
Segundo Campos, a própria criança muitas vezes percebe que algo não está certo.
“Mesmo as mais novas conseguem identificar dor persistente, inchaço ou alterações na visão. O problema é que, muitas vezes, os adultos não escutam. É crucial incentivar as crianças a falar sobre seu corpo”, explica.
Além disso, ele reforça a necessidade de políticas públicas e educação contínua.
“Capacitar profissionais da atenção primária e professores, ampliar campanhas de conscientização, melhorar o acesso a exames e reduzir desigualdades regionais são passos fundamentais”, conclui.
Prevenção e conscientização social
Campos lembra que, embora o câncer infantil não possa ser prevenido completamente, conscientização, atenção constante aos sinais e apoio familiar podem fazer a diferença no prognóstico.
“Pais e educadores que observam mudanças de comportamento ou sinais físicos atípicos podem ajudar a salvar vidas. A informação é a melhor prevenção”, afirma.
Ele também incentiva ações de inclusão e apoio a crianças com deficiências visuais ou sequelas do tratamento.
“O acompanhamento psicológico, escolar e social é tão importante quanto o tratamento médico. Uma criança bem amparada tem mais chances de superar o câncer infantil com qualidade de vida”, destaca.
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