LeiaMais
Um vídeo que mostra o desabafo de uma criança negra foi compartilhado por uma mãe nas redes sociais. Nayara Oliveira disse que o filho de 10 anos, que é autista, mudou o comportamento e começou a não querer ir para a escola. Durante uma conversa ele contou que fica afastado dos colegas por causa da cor da pele. “Não gostam de mim porque eu sou negro. […] Me sinto com o coração partido”, disse ele.
O menino, estuda em uma escola da rede pública municipal de Araguaína, no Setor Eldorado, em Tocantins. Em entrevista ao G1 a Secretaria da Educação de Araguaína informou que é contra todo e qualquer tipo de discriminação e que após tomar conhecimento do caso realizou duas reuniões, sendo que uma delas “com todos os alunos da turma para conscientizar sobre o racismo” e que disponibilizou amparo psicológico à mãe e ao aluno. Eles também disseram que casos de racismo no ambiente escolar devem ser denunciadas à escola e à Ouvidoria da Educação.
O vídeo foi gravado nesta sexta-feira, 23 de setembro. Nayara conta que na quinta-feira, 22 de setembro a criança dormiu na casa da avó e no dia seguinte foi levá-lo para realizar alguns exames. Ao chegar, ela foi recebida pelo filho mais novo e informada que o irmão não queria mais ir para a escola. Ela questionou e ficou surpresa após notar que poderia se tratar de um caso de racismo dentro da escola. No vídeo ela aparece dizendo: “Fala aí porque você não quer ir para a escola”. Ao que ele responde: “Porque os amiguinhos não gostam de mim porque eu sou negro. [Falaram] Que não é para mim sentar do lado deles”. “Porque você tem a cor de pele que cor? “, “Negro, cor marrom”.
O garoto diz ainda que apenas dois colegas o tratam bem. Em seguida a mãe pergunta como ele se sentia com a situação e ele diz: “com o coração partido”. Nayara conta que segurou o choro, consolou a criança e depois publicou sobre o caso nas redes sociais. “Eu estou indignada, chateada, e pasma com essa situação que meu filho vem enfrentando. Como pode um negócio desses? Racismo é crime e eu não vou deixar isso passar batido. Alô secretaria de educação, isso não pode acontecer, principalmente nas escolas”, escreveu.
Ela disse que o objetivo foi conscientizar os pais dos alunos e as unidades escolares. “As crianças não nascem racistas. Acho que falta um pouco de palestra e de ensino para essas crianças. E os pais dos alunos também, fazerem isso em casa”, disse. Ela disse que procurou a escola no mesmo dia em que teve a conversa com o filho e foi informada de que ninguém sabia da situação. Na escola ela também foi repreendida por ter filmado o filho. Ao G1, Nayara disse que pretende denunciar a situação e que vai tirar o filho de lá.
A mãe conta que o filho foi diagnosticado com autismo em 2021 e que ele precisa fazer terapia todos os dias, além de ter outros problemas de saúde, como anemia. “Sexta-feira ele ficou feliz pela primeira vez porque não ia para a escola. Ele não bota banca, pelo contrário. Achei que ele não queria ir para a escola por causa da anemia, porque estava fraco, mas não. Disse que não pode sentar perto de algumas pessoas, que as pessoas mandam ele sair por ser marrom”, explicou. Ela diz que o filho não quer mais falar sobre o assunto e que viu os alunos sendo chamados na direção da escola. Ela teme que a criança tenha medo e desenvolva traumas.”Tenho medo que ele cresça com esse trauma, mas a gente vai trabalhar isso. Tem muita gente falando que ele é lindo, que a cor não importa, que ele é bonito assim, que Deus fez ele assim”.
