Discutir traumas de infância e adolescência é desconfortável, mas essencial. Essas experiências podem deixar marcas profundas, e olhar para elas com responsabilidade e gentileza é um passo fundamental na jornada de cura. Na Astrologia Sistêmica, Quíron representa nossa “Criança Ferida”, simbolizando dores emocionais precoces, ativadas no primeiro setênio de vida (0 a 7 anos).
Lilith, por outro lado, manifesta o que excluímos em nós como forma de autoproteção, normalmente entre 7 e 14 anos. Existe uma interação única entre esses arquétipos: a Ferida (o que nos magoa) e a Sombra (o que reprimimos). Quer ver um exemplo? Quiron em Escorpião e Lilith em Leão refletem uma ferida de traição (Escorpião) e uma expressão de sombra, reprimindo alegria e autenticidade (Leão).
Aqui, o processo de cura envolve acolher as lágrimas que não foram choradas, liberá-las e restabelecer a confiança e o brilho interior. Crianças, especialmente nos primeiros anos, são espontâneas e vibrantes em sua essência. Mas quando enfrentam experiências dolorosas, como rejeição, abuso ou invasão de espaço, acabam reprimindo aspectos de si e reagem a qualquer sinal de ameaça.
Outro exemplo, quem tem Lilith em Aquário (oposto a Leão) tende a lidar com essas dores através do isolamento, afastando-se dos grupos e amizades ao invés de manifestar agressividade. Podemos identificar esses padrões por meio da relação entre os arquétipos e observar esses comportamentos com intensidade especialmente na pré-adolescência e adolescência.
Todo sentimento que evitamos encarar carrega uma história a ser ouvida. Às vezes, mesmo na vida adulta, certas pessoas ou situações reativam esses sentimentos. Eles continuam voltando até que possam ser compreendidos e transformados. Como você lida com seus próprios sentimentos reprimidos? Como seus filhos expressam suas emoções durante a pré-adolescência e adolescência? Existe uma beleza velada em todos os nossos comportamentos, por mais que não pareça. Nosso inconsciente busca a cura, mas tendemos a sentir frustração por reviver as mesmas dores repetidamente.
É libertador quando entendemos que nossa história tem valor e que, ao acolhê-la, temos a chance de interromper ciclos de dor e abuso. Às vezes, o que é óbvio para os outros não é para nós, e precisamos de um “farol” que ilumine o que sempre esteve lá. Mesmo que soe como um clichê, é verdade: por trás da dor está o amor que somos. Observe atentamente essa fase dos seus filhos e relembre a sua própria. Olhe com carinho, respeito e maturidade para toda essa trajetória.