Estudo realizado na Universidade Queen Mary, no Reino Unido, revelou em estudos inciais que poluentes comuns as grandes cidades estavam presentas na placenta de 5 mulheres analisadas. Os elementos que poluem o ar passam do pulmão para a corrente sanguínea, se espalhando pelo corpo.
Em novas pesquisas, as 5 mães estudadas que tiveram bebês saudáveis no hospital da Universidade consentiram que os pesquisadores examinassem os macrófagos – células do sistema imunológico que destroem partículas danosas ao corpo – presentes em suas placentas. Os pesquisadores encontraram 72 partículas negras entre 3.500 células, mas uma das pediatras que faz parte da equipe na Queen Mary, Norrice Liu, relatou à BBC News Brasil que os resultados ainda não são precisos. “Ainda não sabemos se as partículas que encontramos podem passar para o feto, mas as pesquisas sugerem que isso é possível”. O próximo passo é analisar mais mulheres de acordo com o lugar onde vivem e a exposição a poluição que elas tem.

A Faculdade de Medicina da USP é uma das principais instituições que estudam as consequências da exposição à poluição. O professor Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade disse à BBC Brasil que “existe uma associação entre poluição e baixo peso ao nascer bastante consistente, mas não se sabe exatamente o porquê. Estudando um grupo de gestantes também vimos que as mulheres mais expostas à poluição têm mais alterações no fluxo de sangue da mãe para o bebê via placenta”.
Estudos em camundongos foram feitos em dezembro de 2017 e foi comprovado que as ratas expostas a diferentes quantidades de poluentes por diferentes tempos apresentaram células poluentes na placenta. “A placenta das ratas diminuiu com a exposição às partículas de poluição em todos os casos de exposição. A superfície da placenta que fica em contato com a parede do útero diminuiu. Essa superfície é um indicador funcional da transferência de alimentos e oxigênio da mulher para o feto. Quanto menor é ela, menor é a transferência”, disse o médico Joel Claudio Heimann, professor da USP e orientador do experimento, à BBC News Brasil.
Nos últimos anos, cientistas vêm demonstrando que a exposição a poluentes durante a gravidez aumenta o risco de um parto prematuro e de que o bebê tenha um peso menor ao nascer. Além disso pesquisadores brasileiros e estrangeiros estabeleceram ligações entre a poluição e uma maior probabilidade de que o feto exposto desenvolva hipertensão e outras doenças. A situação é considerada como “catástrofe da saúde pública mundial”.

Segundo o professor Saldiva, “já temos evidências suficientes de que as nanopartículas de poluição chegam a todos os órgãos. Mas qual vai ser a resposta do feto depende da genética do bebê, de características familiares e epigenéticas, ou seja, do que acontece durante gravidez.
O professor ainda afirma que “a verdade é que a mãe não pode fazer nada do ponto de vista individual para se proteger dessa chegada de partículas tóxicas ao bebê. Só podemos tentar diminuir a exposição à poluição.”
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