Por Lívia Vitale, filha de Nancy e o Horácio
Aprender a andar e começar a falar são marcos na vida de qualquer ser humano. Isso porque representam pequenos passos em direção a uma maior independência do seu filho. O desfralde também pode ser incluído nessa lista. Afinal, ele mostra uma maturidade e um grande preparo físico e emocional da criança.
E assim como em toda a primeira vez, cada bebê passa pelo desfralde no seu tempo. Pode ser que ele comece quando completar um ano e seis meses. Ou então, quando ela estiver com três anos de idade ou mais. O mesmo acontece com a duração do processo, que pode se estender por uma semana, duas, três e até meses. O importante é não forçar.
Para não atropelar o tempo natural e tudo ocorrer sem maiores frustrações, o desfralde deve vir acompanhado de uma força tarefa. A colaboração entre os pais e a escola faz parte desse conjunto. “A criança vai desfraldar? Então todos precisam falar a mesma língua”, orienta Ana Paula Alberto Lopes, professora regente na Educação Infantil do Colégio Marista Champagnat.
O papel da escola
Você pode contar com a escola nesse processo ao oferecer estrutura física e atividades que trabalhem o emocional e o fator comportamental. Um exemplo é a necessidade de haver privadas maiores e menores, todas adaptadas para cada idade da criança na instituição.
Numa sala cheia de alunos, é importante não haver comparações e que, pelo contrário, eles sejam incentivados uns pelos outros. A criança que já consegue ir ao banheiro pode acompanhar outra que está no processo de desfralde, por exemplo.
Além disso, os professores também devem ser orientados a oferecer muitas idas ao banheiro por dia. Ao mesmo tempo, devem organizar um momento para tirar a fralda do seu filho, fazendo com que ele se acostume pouco a pouco, assim como você faz em casa.
Outras atividades dão autonomia e podem ajudar no processo. São elas: o ajudante do dia, pedir para a criança tirar o sapato ou encher a própria garrafa de água. “Tudo com mediação do adulto, mas incentivando o aluno a fazer sozinho, deixar o protagonismo dele no ato de aprendizagem”, explica Ana Paula. Outras atividades também podem ajudar como a leitura de histórias e o incentivo às brincadeiras lúdicas relacionadas ao desfralde.
É importante que você informe a escola em caso de grandes mudanças na vida da criança, como mudança recente de cidade, mudança de casa ou nascimento de um irmão. Elas podem interferir no processo de desfralde, já que ele está diretamente relacionado ao fator emocional.
Momento certo
As crianças nos dão algumas dicas de que estão prontas para o desfralde. A primeira delas é observar se ela já anda sem dificuldades e consegue subir e descer escadas. A fala também é muito importante, fazendo seu filho sinalizar e verbalizar que algo está acontecendo.
Em alguns casos, as pistas são ainda mais claras: a própria criança começa a se incomodar ou passa a se esconder para usar a fralda. A psicóloga Taís Marson conta que o filho Bruno, com dois anos, começou a avisar quando tinha feito xixi. “Além disso, as fraldas também amanheciam secas. Então, junto com as professoras da creche, nós decidimos pelo desfralde”, relembra Taís.
O ideal é deixar seu filho sinalizar que está preparado. Atropelar o processo só vai torná-lo mais difícil e traumático. A professora Ana Paula relembra uma vez que a própria criança foi ao banheiro e decidiu tirar a fralda sozinha. “Comecei a ouvir ‘fez xixi, fez xixi’. Na hora, achei que fosse uma brincadeira, mas ela realmente tinha usado o banheiro. Eu os pais ficamos impressionados”, conta.
E lembre-se: os escapes são normais e vão acontecer. O importante é não expor seu filho para não gerar frustrações e o sentimento de culpa. Respeite o tempo dele, sem pressão e com muita tranquilidade. E quando tudo der certo, lembre-se sempre de ressaltar o lado positivo e comemorar.
Tivemos uma conversa na redação com a pediatra Flávia Oliveira, ela esclareceu dúvidas de leitoras sobre desfralde ao vivo durante o bate-papo:
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