Publicado em 11/12/2020, às 09h20 por Toda Família Preta Importa
**Texto por Denise Gomes (@eudeniisegomes), criadora de conteúdo e mãe da Laurinha
Saímos do mês da consciência negra. Como mãe da Laurinha, uma pequena e linda criança negra de quase dois anos, é impossível não refletir sobre o que ele significa diante de tantas informações que a gente consome no mês de novembro. Reflito principalmente sobre que mundo é este que minha filha vai crescer e quais são as coisas que eu estou fazendo agora para que ela se desenvolva com um olhar diverso, que faça com que ela se saiba e se perceba de uma forma bonita e tranquila.
A partir daí, penso também o que fazem as outras famílias para fazer do mundo um lugar que receba e acolha crianças como a minha filha também de uma forma bonita e tranquila. Escrever sobre isso dá muito pano pra manga e eu poderia abordar diferentes perspectivas sobre estas reflexões. Mas, hoje, quero falar sobre referências.
Laura tem um ano e cinco meses e ainda não chegou em uma idade que eu precise conversar com ela sobre racismo. Mas, vai chegar. E todos que leem esta coluna e criam crianças não negras precisam também se preocupar em falar sobre isso com elas, tá certo?
Quando chegar este momento, como será que estará construída a imagem das pessoas negras na cabeça das crianças? Não basta saber que tons de pele diferentes existem, é preciso tornar normal e cotidiana a convivência com estes diferentes tons de pele. É importante entender o quanto isso é uma realidade possível nos espaços que a gente ocupa, cobrar por isso.
É cuidar para que as atividades, brincadeiras e tudo o que envolve esse momento tão importante das construções cognitivas sejam inclusivas e diversas. Por exemplo, todo mundo sabe que crianças aprendem brincando. Com quais brinquedos seus filhos brincam? Como são os bonecos e jogos? Como são as pessoas que eles costumam desenhar? O que eles assistem?
Isso é algo que me impacta bastante. Reparar a ausência ou presença muito pequena de personagens negros em desenhos e brinquedos infantis. E, mesmo quando tem, mesmo em um grupo de vários personagens, normalmente apenas um é negro.
Eu quero que minha filha normative a imagem de pessoas negras e é muito importante que todas as pessoas desejem isso. Não há criação antirracista sem passar por isso, por esta preocupação desde cedo. É papel de todo mundo criar um universo de beleza em torno da diversidade de tons de pele, de formatos de bocas e narizes, texturas de cabelo. Você já parou pra pensar o que você tem dito para seus filhos que é bonito? Que tal aproveitar o fim de ano para fazer uma revisão propositiva disso tudo?
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