De onde vem a criatividade? E com que idade isso se torna realmente a força que move as ideias surpreendentes? O ator Matthew Broderick usou blocos básicos de madeira como sendo a base de sua própria criatividade, que hoje se mostra na tela e no palco. Quando criança em uma escola particular de Manhattan, nos Estados Unidos, não haviam carros de brinquedo ou conjuntos de trens – apenas blocos.
“A ideia de que você mesmo poderia fazer brinquedos e não ter nenhum projetado [para você] foi uma coisa muito profunda”, disse ele. Sabendo da importância, Broderick passou a aproveitar o tempo livre que tem com o filho para usar a criatividade.
Seja construindo e derrubando torres ou apenas “deitados no chão e olhando para o teto”, Broderick estava certo sobre ajudar seu filho a fazer girar suas rodas criativas desde cedo – nos termos do menino, claro. “Eu gosto de deixá-lo decidir como usamos esse tempo”, disse Broderick.
Mas como os pais que não são artistas ajustam os motores criativos de sua família? Uma empresa que é sinônimo de empreendimentos infantis que exploram a criatividade, a LEGO, traz uma ideia: reserve uma hora todos os dias para estar com os filhos – sem expectativas ou regras básicas.
As crianças precisam que os pais apoiem seus esforços em imaginar e abraçar novas descobertas. Assim como os pais precisam usar um pouco de tempo para se perguntarem se as crianças estão usando toda a criatividade possível.
É apropriado que a LEGO, uma empresa cujo nome significa literalmente “jogar bem” em dinamarquês, patrocinasse tal iniciativa. No entanto, o que acontece quando as melhores intenções dos pais de trabalhar o cérebro de seus filhos ficam fora de controle? Confira os principais erros que pais cometem e acabam esgotando – e não aumentando, como eles poderiam esperar – a criatividade dos filhos.
Muitas tarefas ao mesmo tempo
“É fácil programar atividades para os nossos filhos, porque achamos que é melhor do que deixá-los sem fazer nada”, diz Heather Reider, co-CEO da MomsTown, Inc., um grupo de mídia que produz livros e programas para pais. “Mas, realmente, talvez não fazer nada seja a melhor coisa para eles.”
Claro, algumas atividades extracurriculares podem ser grandes impulsionadores do cérebro para as crianças e oferecem a oportunidade de explorar alguns dos interesses que elas têm e que não são abordados durante o dia escolar .
Mas essas agendas cheias, muitas vezes não dão às crianças a chance de apreciar o que estão ganhando com cada atividade individual. Você precisa se perguntar: a ideia de estar em um grupo de língua espanhola ou em uma aula de dança de salão é o principal motivo pelo qual seu filho está envolvido nessas atividades – ou ele realmente gosta do que está aprendendo?
Como monitorar a sobrecarga de atividade:
- Verifique constantemente com seus filhos a programação deles. Existem coisas com as quais eles simplesmente não estão mais se divertindo? Que essas sejam as primeiras aulas ou esportes a sair da rotina;
- Avalie o que eles estão aprendendo simplesmente perguntando e dê-lhes a oportunidade de se parecerem com o especialista: “Sabe, nunca fiz aula de desenho. Você pode me mostrar algumas das coisas que seu professor mandou você praticar?”;
- Lembre-se de que atividades extracurriculares também podem existir informalmente. Se seu filho está falando sobre fazer algumas aulas de astronomia em um centro de ciências local, faça algumas viagens com ele primeiro. Ele pode estar interessado apenas no tópico geral, que pode ser saciado sem meses de aulas programadas.
- Reserve um tempo para não fazer nada. Agende um pouco de preguiça a cada mês – um sábado de pijama, talvez, ou uma tarde de um dia de semana deitado no gramado.
Permitir o excesso de lições de casa
Não, você não deve proibir seu filho de completar as tarefas de casa, mas quando suas noites estão sendo consumidas por horas de planilhas e estudos – e quando o nível de frustração de seu filho está disparando todas as noites – está tudo bem, ponha o pé no chão.
Isso é o que Reider fez. “Eu finalmente tive que dizer à professora do meu filho: ‘Valorizamos nosso tempo como família’”. A mãe de três filhos diz que é necessário transmitir aos professores o que é razoável para as crianças: isso não apenas aliviar os estresses acadêmicos desnecessários (e os resultados angústia emocional e física) para o seu filho, mas também abre tempo para que a sua família passe tempo a aprender, a criar e a brincar juntos.
Esperar perfeição
É como todo o debate das cores dentro das linhas “certas”: as crianças precisam ser ensinadas que a arte só existe dentro dos limites dos livros de colorir? Eles deveriam ser ‘castigados’ se suas artes e ofícios ficarem um pouco, digamos, diferenciados?
“Prefiro olhar para um auditório cheio de desenhos de primeira série do que uma sala cheia de lindos desenhos feitos pelos pais”, diz Reider. No final das contas, os adultos precisam resistir ao impulso de canalizar os interesses das crianças para eles e deixar que eles explorem. Isso pode significar desenhos menos do que estelares, bandas de rock fracassadas ou tentativas frustradas de aprender a tricotar – e tudo bem. Porque mesmo que a paixão dele não seja uma habilidade forte, você mostrou a seu filho que é crucial tentar.
Deixe as crianças fazerem uma bagunça – uma bagunça enorme. Contenha seus instintos para dizer ao seu filho para manter a casa limpa e dê a ele um espaço específico para poder bagunçar, mas depois limpar. Explique-o como fazer, ou melhor ainda, vista você mesmo uma roupa de brincar e participe.
Dê a ele ferramentas para ser criativo. “Papel, giz de cera, bastões de cola, marcadores, blocos nota e de montar”, escrevem Reider e Mary Goulet. “Se as crianças tiverem as ferramentas certas, elas podem criar todos os tipos de esculturas e obras de arte imaginativas.”
Tornar a frase: “Não é assim. Faça desta forma” um mantra
Essa é uma clássica frase que acaba com a criatividade, diz a Dra. Meri Cummings, uma professora de recursos de ciências em uma Sala de Aula do Futuro patrocinada pela NASA. Como uma instrutora que estrutura as aulas de forma que os professores sejam guias paralelos e os próprios alunos definam os procedimentos, Cummings é inflexível quanto a transmitir que não existe uma maneira “certa” de fazer a maioria das coisas. Insinuar que que isso existe, apenas impede que as crianças corram riscos criativos – um grande obstáculo para o pensamento inventivo.
Matthew Broderick concorda e enfatiza que, por décadas, as crianças se saíram muito bem ao tomar decisões sem processos formais. Ele usa seus dias de jogador de stickball quando criança como prova: “Não havia treinadores, nem árbitros. Tivemos que decidir como seis crianças jogariam em nove posições”. E assim fizeram – à sua própria maneira.
Esquecer de usar a criatividade
Na verdade, a maneira mais fácil de convencer uma criança de que criatividade é uma farsa e apenas uma palavra da moda na escola é os próprios pais a abandonarem. “Se você mergulhar em buscas criativas, seus filhos vão ver e você será um grande modelo”, escrevem os fundadores do MomsTown.
Parece simples, mas como você volta para o seu jardim de infância interior? Desconecte. Ligue sua música favorita e relaxe com seus filhos. Siga o exemplo deles e seja bagunceiro, turbulento ou bobo – melhor ainda, seja todas essas coisas. Afinal, a criatividade é o que nos guiou em nossos anos de formação, e não é algo que os adultos precisem abandonar.
*Tradução feita por Hanna Rahal, filha de Lydiana