
Do nascimento até completar 6 anos. Essa é a primeira infância, fase em que as descobertas, aprendizados, experiências e afeto são levados para o resto da vida. Os primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais para o seu desenvolvimento – cerca de 90% das nossas conexões cerebrais são estabelecidas até os 6 anos de idade.
É difícil encontrar um investimento que dê um retorno tão alto como a primeira infância. Cuidar de crianças tem um alto impacto na formação de uma sociedade mais saudável, segura e produtiva. Ao mesmo tempo, sabemos que criar os filhos é, sem dúvida, a tarefa mais difícil da vida. A família atual mudou de configuração e diferentes formatos foram surgindo. Mas em meio aos novos papéis, uma coisa nunca muda: seu filho continua precisando do convívio com você. E a importância desse convívio não está na quantidade de tempo dedicado a ele, e sim na qualidade.
“Você pode estar só 5 minutos ao lado do seu filho. Mas se estiver conectado de verdade com a criança, já está formando o vínculo. O verdadeiro equilíbrio é prezar pela essência. Se dedicar para estar presente naquele momento. É olhar no olho da criança, sentir a respiração dela”, defende Bianca Solléro, psicóloga e educadora criativa, mãe de Elisa e Filipe.
Ser criança no século XXI
Antigamente, as crianças eram vistas como seres totalmente submissos a seus pais. Segundo o historiador francês Philippe Ariès, pesquisador da família e da infância, do século XII ao XVIII, a criança era considerada um miniadulto: não existiam diferenças entre o mundo adulto e o infantil.
Já hoje, entendemos que a mesma regra não pode ser aplicada para todas as crianças e que cada uma delas tem personalidade e opiniões próprias que precisam ser respeitadas. Ser criança é ter o direito da autenticidade. Apesar de estar sob a responsabilidade dos pais, cada criança é única, com o direito de se descobrir individualmente e se desenvolver. “Ser criança no século XXI é um convite à nossa própria atualização e criatividade. Temos mais que aprender com ela do que ensiná-la.
Para os pais, é essencial encontrar o caminho em que respeitamos a criança, e não só a obrigamos a nos obedecer”, explica Bianca. “A chamada Geração Alpha engloba todas as crianças nascidas a partir de 2010. Trata-se de uma geração hiperconectada, que vai conversar virtualmente de uma forma natural, além de valorizar muito o poder das experiências, sensoriais e internacionais, com mais diversidade. Para eles, a tecnologia é uma extensão de sua forma de conhecer o mundo”, define Silmara Casadei, Diretora Geral Pedagógica no Colégio Visconde de Porto Seguro, mãe de Juliana e Carlos.
Família presente
Ao mesmo tempo em que a tecnologia está onipresente nas vidas das crianças, a Geração Alpha receberá mais cuidados do que as anteriores, com mais presença paterna, por exemplo. “Essas crianças terão melhores vínculos familiares. Os papéis parentais estão mais distribuídos e a atenção para os cuidados também é maior”, explica Silmara.
O maior desafio para educar crianças no século XXI está justamente nessa mudança do mindset das famílias e dos pais. “Temos que aprender a aprender com nossos filhos. Não acharmos que só nós sabemos de tudo. Essas crianças são muito mais conectadas e intuitivas”.
De mãos dadas com a escola
É importante enxergar a educação infantil para além da assistência com a criança – ela contribui (e muito!) para o desenvolvimento cognitivo e socialização. “Antigamente, a educação era vista somente como cuidado e brincadeira. É importante sairmos da ideia do antigo jardim da infância para um conceito de escola com múltiplos ambientes preparados para as mais diversas aprendizagens”, explica Silmara.
A parceria entre escola e família também deve ir além das reuniões semestrais. “A escola tem a autoridade na pedagogia e naquilo que se propõe a fazer. Os profissionais sabem o que é melhor para cada faixa etária da criança. Enquanto isso, a família representa a base para estabelecer as relações de afeto. Os pais precisam, sim, estar presentes na vida escolar dos filhos, mas sempre respeitando a liderança dos professores”, defende Bianca.
A aproximação da escola com a família se justifica também para entender a bagagem da criança. O professor deve respeitar a história daquela família. Dessa forma, ele entende que é responsável por uma pequena comunidade escolar. Juntos, com escola, família, alunos, pais, professores e outros profissionais, fazemos com que a primeira infância seja valorizada como precisa ser”, finaliza Silmara.
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