O menino de 9 anos, que ao voltar de uma brincadeira, percebeu que a família havia o abandonado passa por um processo delicado de adaptação no abrigo onde está em Campo Grande. Um dos momentos mais delicados foi a comemoração de aniversário dele, que aconteceu 10 após saber que iria ser encaminhado para adoção.
De acordo com informações do O Globo, as buscas pelos responsáveis do menino ocorreram durante oito meses, mas sem sucesso. A diretora do abrigo onde a criança permanece, Veronica Abreu, conta que após as buscas foi preciso comunicá-lo que não voltaria mais para a família. Momento esse que despertou uma reação inesperada nele, após o silêncio e a expressão de tristeza.

“Ele deu um jeito de entrar na cozinha, abriu a geladeira e pegou um pedaço do empadão com a mão. Assim mesmo, enfiou a mão dentro de um dos tabuleiros e pegou a comida. A gente ficou muito mal com a situação. Na hora de falar com ele, disse que estava muito chateada, que ele não poderia ter feito aquilo, principalmente porque o empadão não era só dele, outras crianças iriam comê-lo. Lucas me olhou triste, um olhar pesado. Eu falei: “você acha que a sua dor é maior do que a das outras crianças? Todo mundo está sofrendo aqui!” Nessa hora, ele começou a chorar em silêncio. Eu não tinha como condená-lo…. nos abraçamos e ele me pediu desculpas”, contou ela ao O Globo.

Veronica relatou também que a criança apresentou um comportamento rebelde nos meses seguintes e que se culpava pela família ter ido embora. “Ele quebrou o cabo de uma vassoura, pulou muro, bateu em outras crianças. Na companhia de um colega, fez as necessidades nas roupas e as espalhou em outras, até na parede. Tivemos que jogar tudo fora, não tinha jeito de lavar e desinfetar. Conversamos com ele, foi difícil. Ele chorou muito. Era como se não acreditasse mais que podeira ser amado, fazia as coisas para ser rejeitado, para nos rejeitar também”.