O termo Sephora Kids tem chamado atenção nas redes sociais, especialmente entre pais, educadores e especialistas em desenvolvimento infantil. Esse movimento, cada vez mais visível, retrata crianças e pré-adolescentes que mergulham em rotinas complexas de skincare e maquiagem, como se já fossem consumidores adultos.
Segundo o portal Meio & Mensagem, a tendência levantou preocupações na indústria e entre famílias, que passaram a questionar até que ponto essa exposição precoce pode afetar a infância. Ao mesmo tempo, o Jornal de Brasília reforça que esse comportamento transforma a infância em vitrine, muitas vezes alimentada por likes, trends e algoritmos.
Afinal, o que é o movimento Sephora Kids?
Em termos simples, Sephora Kids descreve crianças que consomem cosméticos de maneira intensa, frequentando lojas, testando produtos, seguindo rotinas de beleza e produzindo conteúdo nas redes sociais.
Ao contrário de uma brincadeira inocente com maquiagem, como se fazia no passado, agora elas se apresentam como verdadeiras influenciadoras. Por isso, o fenômeno ultrapassa o universo infantil e entra diretamente no mercado de consumo adulto.
A pressão estética começa cada vez mais cedo
Cada vez mais, vídeos com crianças aplicando ácidos, tônicos e séruns tomam conta do TikTok e Instagram. Além disso, muitas dessas publicações acumulam milhões de visualizações, o que pressiona ainda mais jovens a entrarem nessa lógica visual e estética.
Enquanto isso, dermatologistas alertam: a pele infantil é sensível e não foi feita para receber esse tipo de produto. Ao permitir esse uso precoce, os pais correm o risco de estimular não só irritações, mas também uma percepção distorcida sobre autocuidado.
Por que pais e indústria precisam agir com responsabilidade?
Em vez de apenas observar, os pais devem refletir sobre como os filhos estão sendo influenciados pelas redes sociais e pelo marketing visual. Marcas, por outro lado, precisam repensar a forma como expõem produtos que, teoricamente, não deveriam ser voltados ao público infantil.
Além disso, campanhas com influenciadores mirins muitas vezes escapam de fiscalizações, mesmo quando promovem produtos inadequados para menores de 12 anos. O cenário exige, portanto, mais vigilância e atuação ética.
Sephora Kids e os impactos na saúde mental das crianças
O culto à estética já afeta adultos; entre crianças, esse impacto pode ser ainda mais severo. Quando uma menina de 10 anos diz que “precisa” usar ácido hialurônico, não está apenas brincando: ela já internalizou um padrão de beleza.
Por isso, especialistas vêm alertando que o fenômeno Sephora Kids contribui para o aumento de ansiedade, insegurança e comparação constante. E mais: esse comportamento pode abrir espaço para distúrbios de imagem e autoestima fragilizada.
Publicidade disfarçada e o desrespeito aos direitos da infância
No Brasil, leis como o ECA e o Código de Defesa do Consumidor deixam claro: publicidade infantil é ilegal. Apesar disso, o mercado vem se adaptando com estratégias mais sutis, como o uso de criadores de conteúdo mirins e embalagens fofas.
Por outro lado, muitos pais ainda não conseguem identificar quando seus filhos estão sendo alvo de propaganda. Por isso, é fundamental promover alfabetização midiática e exigir mais responsabilidade das marcas no ambiente digital.
Como proteger as crianças do impacto do Sephora Kids?
O primeiro passo é o diálogo: pergunte à criança o motivo pelo qual ela quer usar certos produtos e de onde surgiu esse desejo. Além disso, esteja presente no ambiente digital dela, acompanhando vídeos, canais e influenciadores favoritos.
Também é importante definir limites. Não se trata de proibir tudo, mas de ensinar responsabilidade e senso crítico. Afinal, permitir que as crianças sejam crianças, com liberdade, criatividade e menos pressão, ainda é o melhor caminho.
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