Você já percebeu como alguns pais dizem que seus filhos são muito seletivos na hora de comer — recusam comida nova, insistem em poucos pratos ou evitam certos sabores? Um estudo publicado pela Parents sugere que esse comportamento seletivo pode ter origem genética, e não apenas resultado do ambiente familiar.
A descoberta traz alívio para muitas famílias, mostrando que, em alguns casos, não se trata de birra ou erro na educação alimentar, mas sim de traços herdados que influenciam o comportamento desde muito cedo.
Como a pesquisa foi feita?
O estudo analisou quase 5 mil pares de gêmeos britânicos ao longo de vários anos. A pesquisa mostrou que gêmeos idênticos, que compartilham todo o DNA, apresentavam comportamentos alimentares mais parecidos entre si do que os gêmeos fraternos, que compartilham metade dos genes.
Isso indica que a genética tem um papel importante no comportamento seletivo. Ou seja, a criança pode já nascer com uma tendência a ser mais sensível a sabores, cheiros ou texturas, o que influencia como ela aceita ou rejeita alimentos.
Quando a seletividade atinge o pico?
De acordo com os cientistas, a seletividade alimentar tende a aumentar até os 7 anos de idade, quando atinge o pico. A partir daí, o comportamento começa a diminuir em muitos casos, conforme a criança se desenvolve.
No entanto, isso não é uma regra. Algumas crianças continuam sendo seletivas por mais tempo, principalmente se essa tendência for reforçada por fatores ambientais, como pressão à mesa ou falta de variedade nas refeições.
Com apoio, o seletivo pode mudar
Apesar da influência genética, o ambiente ainda importa. Uma rotina alimentar positiva pode ajudar bastante. Forçar a comer não funciona. Brigas à mesa também não ajudam.
O ideal é criar um momento tranquilo nas refeições. Expor a criança a novos alimentos com frequência, sem pressão, pode fazer diferença com o tempo.
Como lidar com crianças seletivas?
Algumas atitudes simples ajudam no dia a dia com crianças seletivas. Veja o que pode funcionar:
- Sirva pequenas porções de alimentos novos.
- Ofereça comida sem obrigar ou pressionar.
- Coma junto para dar o exemplo.
- Evite transformar a refeição em um desafio.
- Deixe a criança participar do preparo da comida.
A paciência é essencial. Mudanças acontecem aos poucos.
A seletividade não é sua culpa!
Muitos pais se sentem frustrados quando o filho é seletivo com comida. A sensação de falhar na educação alimentar é comum, mas não justa. O estudo mostra que boa parte desse comportamento vem dos genes, e não de algo que os pais “fizeram de errado”.
Mesmo assim, isso não significa que nada pode ser feito. A seletividade pode diminuir ao longo dos anos, principalmente quando a família lida com calma, oferece variedade e evita conflitos à mesa. O apoio no dia a dia tem um efeito real, mesmo quando a genética pesa.
Aos poucos, e com paciência, a criança passa a se sentir mais segura para experimentar novos sabores. Por isso, o foco não deve ser “forçar a comer”, mas construir uma relação saudável com a comida.
Preferências alimentares mudam com o tempo
Os pesquisadores também descobriram que, conforme a criança cresce, as influências genéticas continuam presentes, mas as experiências individuais ganham mais peso. Isso explica por que irmãos criados no mesmo ambiente podem ter hábitos alimentares muito diferentes.
Além disso, o estudo mostra que o comportamento seletivo não segue um único caminho. Algumas crianças passam por fases curtas de rejeição, enquanto outras mantêm padrões seletivos por anos. Entender essas diferenças ajuda os pais a terem mais paciência e a respeitarem o tempo de cada filho.
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