Esse mês essa coluna será diferente, vou fazer um relato de parto do ponto de vista do pai. Meu filho, Ravi, nasceu no dia 11 de novembro de 2024 e vivi uma das experiências mais incríveis dos últimos anos. Para começar, preciso enaltecer minha mulher, com toda a sua força e coragem, que se preparou para esse momento durante 9 meses de gestação. Fizemos alguns cursos, onde aprendi exercícios para ajudá-la na hora, mas
eu não imaginava o que estava por vir.
Confesso que quando o trabalho de parto começou, me perguntei algumas vezes: “Qual é o meu papel, se depende 100% dela?”, “O que eu estou fazendo aqui?”. De primeira, não me senti conectado com tudo aquilo que estava acontecendo. As horas foram passando, a Viih estava muito concentrada, e como a doula, junto com a fisioterapeuta pélvica, estavam assumindo o protagonismo com os exercícios, pensei: “Eu preciso arrumar um jeito de fazer parte disso”.
De primeira, virei o DJ, evoluí para uma espécie de animador de festa para quebrar o “clima de dor”. De repente, me vi completamente conectado e fazendo parte daquilo com muita sensibilidade, emocionado porque através de tudo aquilo conseguia ver a minha mulher de um jeito que eu nunca imaginava. É difícil até colocar em palavras, mas o amor tomou conta, ali eu me senti como um adolescente apaixonado, bobo… ver ela daquele jeito, lutando e se doando daquela forma pelo nosso filho, nossos olhares se cruzando, comemorando juntos cada centímetro de dilatação como se fosse final de Copa do Mundo…

Foram 19 horas de trabalho de parto, Ravi estava defletido, então na fase da expulsão tivemos que ir para uma cesárea de emergência. Consigo ainda sentir a tristeza quando pedi para todos saírem do quarto para dar a notícia a ela, e doeu muito em mim porque eu sabia que era o sonho dela, mas nos abraçamos e deixei bem claro o quanto eu estava emocionado e orgulhoso em ver a mulher que ela é. Foi mágico.
Quando Ravi nasceu, ele teve um desconforto respiratório e na cesárea teve complicações para a Viih. Tudo ficou muito tenso por algumas horas porque não sabíamos como seria a partir dali e já estava tudo pronto para o Ravi ir para UTI. Foi quando ele foi para o contato corpo a corpo com a mãe e tudo mudou. Estou escrevendo esse texto emocionado porque na hora a única frase que veio na minha cabeça foi “ninguém explica Deus”.
Fiz esse relato porque acredito nesse movimento dos homens estarem cada vez mais presentes nesses lugares que por tanto tempo acreditava-se que era só da mulher. Eu não sabia da minha importância na sala de parto e só descobri depois que tudo aconteceu e fiquei imaginando a quantidade de mulheres que passam por aquilo sozinha só porque o pai acha que nada pode fazer.