Maria Edewlzuita, de 94 anos, decidiu realizar um sonho de longa data. Viúva e moradora do sertão do Pernambuco, ela se matriculou em uma escola estadual em Petrolina, e agora está fazendo o no Módulo 1 da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que corresponde aos primeiros anos do ensino fundamental.
O primeiro dia de aula da idosa já foi mais que especial. Dona Edelzuita chegou na escola acompanhada por um de seus filhos e uma neta. Tadeu Souza, filho dela, estava muito emocionado e contou ao G1 como a mãe era na época em que levava ele para a escola. “Ela era muito rigorosa”, disse.
Edelzuita conta que seu pai nunca deixou ela e as irmãs frequentarem a escola, porque acreditava que as mulheres que sabiam ler iriam fugir de casa. Ainda assim, a mãe dela a ensinou a ler um pouco em casa, o que fez ela querer aprender ainda mais.
“Dê-me essa lição para aprender”, dizia ela para as pessoas que sabiam ler, para tentar aprender mais sozinha. Ao longo dos anos, ela passou a ter responsabilidades familiares e muito trabalho a fazer, por isso não conseguiu realizar o sonho, que ainda se mantinha vivo.
Hoje ela vê os estudos como uma forma de lidar com a perda e honrar a memória do marido, José Rufino, com quem foi casada por mais de seis décadas.”Meu marido era muito bom, 60 anos nós vivemos. 60 anos são muitos dias para a gente conversar e depois ficar só, não é?”.
“Antes, eu sempre dizia que ia estudar no João Barracão. Aí quando foi agora que meu marido morreu, eu fiquei tão debilitada. Eu via na televisão falando e disse: ‘vou fazer minha matrícula’. Aí eu fui e fiz. Depois que fiz a matrícula, fiquei esperando ansiosa o dia de ir para escola, hoje estou feliz. Eu acho muito bonito a pessoa que saber ler bem, que conhece os lugares porque sabe ler”, finalizou.
