Quando um bebê nasce, existem alguns cuidados a serem tomados e muitos exames que precisam ser feitos. É comum que os pais fiquem ansiosos e queiram ir logo para casa e aproveitar o máximo de tempo com o recém-nascido, mas é importantíssimo se atentar às recomendações médicas.
Esses testes e exames podem ajudar a diagnosticar precocemente algumas doenças, garantindo um melhor prognóstico. Muito além do teste do pezinho, da orelhinha e coração, existem exames que podem ser feitos ainda no primeiro mês de vida, que ajudam muito no desenvolvimento da criança, como o ultrassom de quadril.

Existe a necessidade da realização da ultrassonografia de quadril por exemplo, principalmente em bebês que ficaram pélvicos durante a gestação, ou seja, quando não ficaram na posição ideal para o parto ou em crianças que têm histórico de displasia de quadril na família e que são meninas.
Contudo, especialistas reforçam, que o exame deveria ser feito por todos os bebês. Na Áustria, onde o ultrassom de quadril é realizado em todos os recém-nascidos, as complicações de diagnóstico tardio foram praticamente erradicadas.
Prevenção é tudo!
Noah, de dois anos, filho de Sofia Castellano, fez o ultrassom no primeiro mês de vida e precisou fazer um tratamento por 14 dias. O bebê não ficou pélvico e eles não têm histórico de displasia na família, mas a pediatra pediu como praxe e encontraram um grau de displasia de quadril.
A mãe conta que o diagnóstico foi uma surpresa, afinal, Noah não tinha precedentes e a gestação dele foi tranquila e sem qualquer problema. “Quando o Noah foi diagnosticado com displasia de quadril, eu fiquei super apreensiva e naturalmente fiquei assustada com o tratamento” começou.
“O Noah estava se desenvolvendo super rápido e tinha muita energia. Sofri ao pensar que ele teria que utilizar o suspensório (tratamento para displasia) dia e noite”, contou Sofia. A mãe explica que apesar de o processo de adaptação ter sido difícil, logo o bebê se acostumou com o acessório.

“Após o prazo de duas semanas com o uso do suspensório, estipulado pela pediatra, fizemos um novo ultrassom e o problema do Noah já havia sido corrigido. Ficamos super aliviados, pois sabíamos que tínhamos tomado a melhor decisão com um tratamento preventivo para evitar problemas futuros para a saúde do Noah”, comemorou Sofia.
Ela ainda conclui o depoimento dizendo que o filho é uma criança saudável. “Ele corre, pula, cai e se diverte normalmente. Fazemos um acompanhamento com um médico ortopédico apenas para rotina, mas tudo está muito bem com a saúde dele”, conclui.
Conversamos com Giovanna Motta, mãe de Gabriella e Pedro, ultrassonografista pediátrica especializada em quadril infantil do Delboni para entender o papel importante do ultrassom de quadril para combater a displasia. A Pais&Filhos também quis entender como é feito o diagnóstico e tratamento e a médica explicou:
O que é displasia de quadril e por que ela acontece?
A displasia do desenvolvimento do Quadril (DDQ) é uma alteração na formação do quadril, variando desde apenas uma insuficiência do acetábulo, ou seja a cavidade da bacia, que fica raso e insuficiente para manter a cabeça do fêmur bem posicionada, até o deslocamento completo da cabeça do fêmur. A DDQ pode ser diagnosticada logo ao nascimento ou aparecer durante o crescimento.
Quais sintomas o bebê pode ter?
Na verdade, o bebê com displasia não apresenta nenhum sintoma, mas tem alguns sinais que podemos perceber e devemos ficar atentos. Logo ao nascimento, pode-se notar o deslocamento da articulação. Muitas vezes as mães relatam a sensação de instabilidade ao trocar a fralda.
Após algumas semanas, outros sinais ficam mais evidentes como a diferença de abertura dos quadris, coxas desiguais entre os lados e a diferença no comprimento dos membros inferiores. Após o início da marcha, é possível perceber a alteração do andar.
Como é o diagnóstico?
O diagnóstico clínico é feito a partir do exame físico. No entanto, uma pesquisa publicada em 2017, feita por ortopedistas pediátricos, mostrou que 54% das crianças com displasia podem não apresentar sinal clínico. Dessa forma, o diagnóstico por imagem é necessário sempre, mesmo com exame clínico negativo.

A ultrassonografia é muito importante por permitir um diagnóstico precoce, dando a criança a chance de um tratamento adequado e assertivo, com a possibilidade de um quadril normal, evitando na maioria dos casos a necessidade de cirurgia. E tem algumas vantagens em relação aos outros métodos, pois não tem irradiação, não precisa de sedação e pode ser feito logo ao nascimento.
Como é o tratamento?
O tratamento depende da idade da criança e da gravidade do caso. Nos primeiros meses de vida, normalmente é possível utilizar órteses, como o suspensório de Pavlik. Após esse período, pode ser necessário o uso do gesso e a realização de cirurgias.
Idealmente, o tratamento deve ser iniciado até o terceiro mês de vida, pois antes dos 6 meses existem opções de tratamento que não envolvem procedimento cirúrgico. Após os 6 meses, na maioria dos casos, é necessário envolver algum procedimento cirúrgico.
Quais são as possíveis complicações da displasia?
As complicações também estão relacionadas à gravidade do caso, podendo algumas vezes demorar anos para serem percebidas. Entre os problemas, estão a diferença no comprimento dos membros inferiores, alteração do andar, incapacidade de realizar atividades físicas, dor lombar e dor no joelho e no quadril.
A longo prazo, nos pacientes adultos, pode cursar com uma degeneração articular precoce (osteoartrose), podendo ser necessária até a colocação de prótese.
A maioria dos casos de displasia de quadril não pode ser evitada, no entanto, é possível reduzir o risco após o nascimento. Além disso, toda atenção é necessária! Observar os movimentos e verificar se o bebê consegue mover os quadris e os joelhos pode ajudar a detectar alterações que devem ser comunicadas ao pediatra para diagnóstico e tratamento.