Nesta sexta-feira (27), a Bélgica confirmou um caso de transmissão do coronavírus de um ser humano para um animal doméstico. O caso aconteceu no município de Liège, onde uma mulher infectou o gato de estimação. A notícia foi dada pelo Serviço Federal de Saúde Pública do país, durante uma coletiva de imprensa, após a avaliação da Faculdade de Medicina Veterinária de Liège. Embora o acontecimento, as autoridades sanitárias estão tratando como algo raro e isolado.
A contaminação, seguindo os estudos, aconteceu pelo contato próximo com a dona. Segundo Emmanuel André, um dos médicos porta-vozes durante a pandemia, não há motivos para pensar que os animais possam ser vetores da doença na sociedade. Até o momento, apenas três casos foram reportados, sendo dois cachorros em Hong Kong e esse gato na Bélgica. A Agência Federal Belga para a Segurança da Cadeia Alimentar (Afsca) garantiu que o risco de transmissão do vírus dos animais domésticos para os humanos é “insignificante” em comparação ao contato direto entre as pessoas.
De qualquer forma, para reduzir os riscos, a Agência destaca que é altamente recomendável usar as regras de higiene também nos animais, evitando o contato próximo, lavando bem as mãos depois de mexer neles e não permitir que lambam o seu rosto.
Coronavírus em animais
Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, o novo coronavírus que acomete o homem não é o mesmo vírus que atinge cães e gatos. O gênero que infecta esses pets é o Alphacoronavírus. Já o que adoece o humano é o Betacoronavírus, com características completamente diferentes. A médica-veterinária Mitika Hagiwara, conselheira do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e médico-veterinário Eduardo Pacheco, da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais (CTCPA) do CRMV-SP reforçam isso dizendo que as chances da transmissão entre animal para humano e vice-versa é praticamente nula.
Os animais de estimação, quando infectados por vírus da família Coronaviridae, apresentam outras alterações de saúde. Os cachorros desenvolvem a alfacoronavirose canina, que atinge a parte gastrointestinal do animal. “Essa doença nos cães não tem nada a ver com o sistema respiratório”, afirma Eduardo, que ainda explica que, no caso dos gatos, o Alphacoronavírus provoca a Peritonite Infecciosa Felina (PIF). “É um processo inflamatório, que debilita o sistema imunológico.” A questão da vacinação contra coronavírus também é foco de falsas informações. Publicações nas redes sociais dão conta de que vacinas para cães ou para bovinos protegem animais e humanos contra a doença COVID-19. Trata-se de uma inverdade, que coloca em risco a saúde da população e depõe contra a classe veterinária.
Não abandone seu pet
Houve relatos de abandono de animais de estimação, principalmente na cidade de Wuhan, na China. Isso se deve à falta de informação e à desinformação. A médica-veterinária Rosângela Ribeiro Gebara, da Comissão Técnica de Bem-estar Animal (CTBEA) do CRMV-SP, enfatiza que o abandono de animais é crime, previsto na Lei Federal nº 9.605/98, conhecida como “Lei de crimes ambientais”. Os tutores devem cuidar bem de seus animais, especialmente nesse momento de crise, orienta Rosângela. “Não há necessidade de isolá-los e ou deixá-los presos. Continuem dando carinho, amor e afeto.”
