A Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down publicou uma nota de repúdio contra Fernanda Bande e as falas “discriminatórias e capacitistas” que foram ditas pela participante do Big Brother Brasil 24 após a última edição do sincerão, que aconteceu na segunda-feira, 18 de março.
Durante uma conversa no reality, ela disse que Beatriz, outra participante era “dodói” e que “estava faltando cromossomo ali”. A fala de Fernanda repercutiu negativamente nas redes sociais e foi julgada como capacitista. Vale lembrar que Fernanda é mãe de uma criança atípica: seu filho Marcelo, de 11 anos, está dentro do espectro autista.
SHOW DE HORRORES 🤮
Não dá pra tolerar a Fernanda e os seus amigos, Pitel inclusive que trabalha com PCD’s, debochando da Bia insinuando que ela é DODÓI e QUE FALTA CROMOSSOMOS!
Alterações cromossômicas são síndromes genéticas sérias, não dá pra rir de um assunto como esse! pic.twitter.com/tA8jtrCQOo— Ivan Baron 🦯 (@ivanbaron) March 18, 2024
“É lamentável que em plena semana na qual se comemora o dia nacional e internacional da síndrome de Down, dia 21 de março, cujo propósito é trazer esclarecimentos e informações acerca dessa condição genética e eliminar o preconceito ainda existente na sociedade, que um programa repercutido nacionalmente propague esse tipo de conteúdo. Nos causa grande estranheza terem sido proferidas pela mãe de uma criança com autismo, que vive a luta pela inclusão no seu cotidiano. Esperamos que o programa e a Rede Globo se manifestem e façam uma retratação, além de disseminar conteúdo informativo a respeito das síndromes existentes, a incluir a síndrome de Down”, diz trecho do texto.
A associação reforçaou que falas desse tipo podem ser consideradas crime. “Ao tratar de tais comentários, torna-se imprescindível tecer acerca da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual traz em seu artigo 5° que todos são iguais e que os Estados deverão trabalhar contra a discriminação, e no seu artigo 8° traz que serão adotadas medidas para conscientizar toda sociedade. Assim, tais comentários atentam contra a Convenção e contra as pessoas. Reforçamos que este comportamento implica na continuação estrutural do preconceito contra as pessoas com deficiência, infringindo a lei n° 13.146/15 (LBI – Lei Brasileira de Inclusão) que deixa bem claro, em seu Art. 88, que é crime praticar, induzir ou incitar discriminação contra pessoas em razão de sua deficiência”.
A equipe responsável pelas redes sociais de Fernanda publicou uma nota com um pedido de desculpas à comunidade das pessoas com deficiência (PCDs) por falas ditas pela participante após a última edição do sincerão, que aconteceu na última segunda-feira (18).
“Não existe desculpa plausível capaz de apagar ou diminuir a dor de todos PCDs e suas famílias nesse momento. Fernanda errou e ponto. Independente da intenção, foi uma fala infeliz. À todos PCDs e suas famílias, oferecemos nosso carinho, respeito e compreensão”, diz parte do texto.
Fernanda do BBB é comparada a Alexandre Nardoni após fala polêmica: “Jogava eles pela janela”
Na madrugada desta quarta-feira, 20 de março, mais uma fala de Fernanda Bande causou polêmica.
Em conversa com Giovanna Pitel no gramado da casa, Fernanda desabafava sobre as dificuldades que enfrenta em ser mãe solo de duas crianças, uma delas atípica.
“Uma função que nasce quando você vira mãe é o botão da demência. As coisas, às vezes, tá dando tudo errado, Pitel, tem dia que você quer matar seus filhos, quer ser presa. Tem dia que você olha aquelas crianças e fala: ‘se morasse num prédio, eu jogava eles pela janela, porque você não aguenta, você surta, você quer morrer, você olha aquelas crianças e fica ‘Meu Deus, o que tá acontecendo'”, começou.
“Tudo fora de ordem, uma bagunça, você não consegue pagar nada, não tem um real e você vê aquela coisa toda, você surta. Aí você liga o botão. Só pra você não fazer nenhuma loucura. Eu ligo esse botão pelo menos umas três vezes por dia”, disse Nanda. Veja o vídeo com a fala completa:
Se você distorce esse desabafo materno aqui e compara com casos criminosos você é DOENTE procure AJUDA pic.twitter.com/cnFA3RVf0b
— faah (@faahlso) March 20, 2024
A fala de Fernanda repercutiu nas redes sociais e dividiu opiniões. “Absurdo, essa fala da Fernanda que insinua o caso Nardoni, é simplesmente impossível que uma pessoa dessas ainda esteja no BBB”, comentou um internauta, relacionando a fala de Nanda sobre “jogar os filhos pela janela”.
“Misericórdia isso não e mãe, alguém precisa tomar providências”, escreveu uma. “Não se fala isso nem brincando, nem metafórico, nem nada. Isso foi muito específico de jogar a criança do prédio, ela fez essa fala propositalmente pra referência o caso Nardoni. O conselho tutelar precisa tomar providências”, disse outra.
Também houve quem defendesse Nanda, afirmando que a fala é um desabafo materno. “Estão real achando de bom tom chamar a fernanda de alexandre nardoni? Gente, se vocês não respeitam a mulher que é mãe solo de duas crianças sendo uma atípica, pelo menos respeitem a memória da Isabella, não é legal usar o assassinato dela como piada pra participante de reality”, comentou uma internauta.
“Eu não sou fã da Fernanda mas vocês compararem com o caso Nardoni é pesado demais. Vocês riem de filmes e séries de mães exaustas, como dona Herminia. Mas na vida real lincham. Ela tá exausta e precisa de ajuda”, disse outra.
Equipe defende Fernanda após ela afirmar que ‘jogaria os filhos pela janela’: “É fácil julgar”
A equipe de Fernanda se pronunciou nas redes sociais sobre o caso:
“Deve ser muito difícil para interpretação de alguns entender a hipérbole de uma mãe exausta. Fernanda é mãe atípica solo e nós sabemos que muitas falas dela são sobre frustrações que a mesma enfrenta e que ela ressalta, como quando se abriu dizendo que não é uma pessoa feliz”, começa a nota.
“A realidade de uns não é a de outros. Nanda vive por suas crianças, trabalha incansavelmente para poder manter um padrão de vida acessível para eles e ainda assim se martiriza por sentir que é insuficiente e que seus filhos merecem mais do que ela pode oferecer. Afinal, que mãe não quer dar o melhor para seus filhos?”, defendeu a equipe a Nanda.
“É fácil transformar um desabafo de uma mãe, privada de tempo e suporte em algo estratosférico sem tom para possibilidade de um contexto humanizado. É fácil julgá-la sem conhecer sua história e muito cruel insinuar qualquer coisa para além disso visto que o contexto pode ser muito claro, basta ter uma básica noção e boa vontade de como interpreta-lo sem os óculos do sadismo”, concluíram.