
É difícil, mas essa é a realidade. “Nosso sistema de saúde não tem hospital, estrutura física e recurso humano suficiente para lidar com essa pandemia”, resume a Dra. Ludhmila Hajjar, médica cardiologista e professora da USP. A especialista enfatiza que 80% dos pacientes com sintomas não precisarão de internação. Os 20% restantes vão apresentar algum grau de pneumonia, destes 15% serão internados em casos leves a moderados, mas 5% serão internados em situações críticas.
Até o momento, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem 428 casos e seis mortes confirmadas. Esse número deve piorar, principalmente, porque, na opinião da médica, o país demorou para tomar as medidas necessárias e só fez depois de ver o pico do vírus na China e Itália. “O Brasil corre atrás de uma situação com muitas dificuldades”, desabafa. Por conta do despreparo, todos estão sofrendo com a situação, de forma direta ou indireta, maior ou menor.
E agora?
“Nem a classe médica, nem enfermagem, nem a fisioterapia está segura em relação ao atendimento desses pacientes, pela falta de estrutura, de material, de investimento e de treinamento”, destaca. A questão das UTIs também é um ponto a ser levantado. A especialista reforça a falta de leitos suficientes e de recursos na área para tratar da forma mais eficaz possível os contaminados. Por conta dessa defasagem, Dra Ludhmila lembra da importância das meninas de prevenção para conter a doença e destaca quatro fatores:
- Isolamento social: “Evitar aglomerações, suspender academias, visitas, reuniões com muitas pessoas. De maneira genérica, é o principal para ajudar no controle da pandemia”. Isso significa desmarcar todos os compromissos que não são urgentes e podem ser adiados e sair de casa, apenas se não houver outra opção.
- Uso adequado dos testes de diagnóstico: “Nós deveríamos, a essa altura, ter muito mais disponibilidade de testes diagnósticos, para que a gente pudesse testar a população sob risco e isolar as pessoas contaminadas”. Vale lembrar que ele só é feito nos casos graves, quando há chance de internação. Para todos os demais, recomenda-se a quarentena de 14 dias.
- Todos os profissionais da saúde e hospitais devem cuidar e respeitar todas as recomendações: “Em termo de isolamento do paciente e as melhores práticas para evitar a contaminação, inclusive no ambiente hospitalar”.
- Engajamento do cidadão: principalmente seguindo todas as medidas de higiene, a forma correta de lavar as mãos, a frequência do uso de álcool gel, o isolamento domiciliar…
“A gente está prevendo é uma tragédia nacional, que está já se instalando e que infelizmente não temos muitas coisas a dar de notícias boas nesse momento, a não ser aguardar como será a evolução e fazer a nossa parte, que é treinar os médicos e estar à disposição para tentar auxiliar, um centro auxiliando o outro, mas realmente nós não temos um preparo de toda a classe médica brasileiras e de leitos intensivos”, finaliza.