Neste mês, é comemorado o Junho Laranja, que traz a importância de conscientizar sobre a Leucemia, que costuma ser grave e silenciosa. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), entre 2020 e 2022 é estimado mais de 10 mil novos casos da doença. Uma dessas lutas foi a de Luísa, de apenas seis anos, que teve o resultado positivo para Leucemia Linfoide Aguda (LLA), em 2019.
“Descobrir que seu filho, uma criança, tem câncer, certamente foi a pior notícia que eu poderia receber como mãe. Nenhuma mãe, no pior dos pesadelos pensa nisso. Foram dois anos muito difíceis. A rotina da Luísa mudou completamente: tivemos que nos adaptar a uma realidade muito dura, de muitas internações, quimioterapias, a deixar uma mala pronta para sair correndo em caso de qualquer mal estar e febre. Você passa a viver literalmente um dia de cada vez”, lembra Vanessa Spindola, mãe de Luísa.

Durante o período de tratamento, a família precisou se reinventar e descobrir resiliência: “Aprendi a valorizar cada dia sem dor, a ver alegrias nas coisas mais simples, como estar em casa, um resultado de exame bom, Luísa comendo, brincando, fazendo bagunça, tudo isso passa a ter um valor que antes passava desapercebido”.
No dia 2 de junho, Luísa pôde tocar o sino, que representa término do tratamento e um passo importante na cura. “Recebemos um enorme carinho de muitas pessoas. Fizemos questão de compartilhar esse momento, escrevemos nos vidros laterais e traseiro do carro ‘Última quimioterapia, Luísa 6 anos’. Já nas ruas, a caminho do hospital, pessoas buzinavam, acenavam, batiam Palmas, e eu em prantos agradecia e ao menos recordava dos dias de dor, tristeza e superação que até ali eu tinha vivido. O grande dia chegou e ela estava muito animada, feliz, ciente de que aquele momento era uma grande vitória. Talvez ela nunca tenha dimensão de tudo que tenha enfrentado, pela pouca idade, mas eu sei bem quantos desafios ela venceu até chegarmos aqui”.
Em 2020, contamos sobre o tratamento da Luísa e a importância de reconhecer os sinais precocemente. Isso é muito importante, considerando que 80% dos casos poderiam ter sido curados se o diagnóstico e tratamento tivessem acontecido mais rapidamente. “Quanto mais tarde a criança começar a terapia, maior a chance de se encontrar a doença avançada e disseminada”, afirma Dr. Gustavo Zamperlini, oncopediatra da Rede de Hospitais São Camilo de SP. Felizmente, voltamos aqui para contar o desfecho dessa história: Luísa concluiu seu tratamento e segue inspirando milhares de famílias sobre acreditar e ter esperança.
“Costumo dizer que vivi 20 anos em 2 anos. Tive medo, chorei, mas sempre acreditei que era possível. Ser mãe é isso! É nunca desistir! É enfrentar todos os obstáculos por amor a um filho, mesmo quando tudo parece muito ruim. Hoje estamos reaprendendo a viver, mais leves, com mais gratidão e muito mais felizes”, completa Vanessa.
O que é leucemia?
A leucemia é considerada um tipo de câncer, que atinge os glóbulos brancos e libera células doentes na corrente sanguínea. Além disso, a doença pode ser caracterizada como uma quebra do equilíbrio da produção dos elementos do sangue, devido a proliferação descontrolada dos glóbulos brancos, ocupando um espaço que deveria ser destinado à produção normal das células.
Tipos de leucemia
Segundo a Dra. Ana Carolina Cardoso, médica especialista em hematologia e transplante de medula óssea, que integra o OncoCenter Dona Helena, em Joinville, a doença pode ser classificada em algumas formas diferentes. “De uma forma geral podemos classificar em agudas e crônicas e de acordo com o tipo de glóbulo branco envolvido (linfocítica ou mielóide). Existem outras classificações mais específicas dentro desses grandes grupos”.
- Leucemia aguda: mais comum na infância. As células malignas ainda estão em uma fase bastante imatura e se multiplicam descontroladamente. Dessa maneira, a doença pode progredir mais rapidamente.
- Leucemia crônica: costuma ser bastante rara na infância. A transformação maligna acontece a partir das células-tronco maduras. De acordo com a Dra. Ana Carolina Cardoso, a doença evolui de maneira mais lenta e as complicações podem aparecer depois de meses, ou até anos.

Sintomas de leucemia
- Suor noturno
- Dor nos ossos e nas articulações
- Sangramento no nariz, gengiva, menstruação abundante sem causa aparente
- Dor de cabeça, náusea, vômito, desorientação e visão dupla (quando o sistema nervoso central é afetado)
- Dor nos ossos e articulações
- Manchas roxas na pele
- Diminuição da concentração de plaquetas no sangue
- Anemia que causa sintomas como cansaço, palidez e sonolência
- Aumento do baço, causando dor
- Ínguas inflamadas (pescoço, axilas, atrás do osso do cotovelo)
- Infecções, como candidíase oral (sapinho) ou pneumonia atípica
Diagnóstico de leucemia
O diagnóstico precoce é muito importante para o sucesso do tratamento e deve ser realizado pelo médico hematologista ou oncologista. Pode ser pedido a realização de exames como: mielograma, hemograma, tomografia computadorizada, biópsia da medula óssea, entre outros que o especialista julgar necessário.
Tratamento de leucemia
O tratamento mais comum é realizado a partir de quimioterapia, além de medicações que podem ser feitas via oral, xarope ou comprimido, injeção ou via intravenosa. Em alguns casos de leucemia, pode ser recomendado a radioterapia, auxílio de cirurgia e o transplante de medula óssea. “As leucemias têm urgência para se iniciar o tratamento, por isso, independente do momento em que estamos vivendo, todos os pacientes com suspeita devem ser cuidadosamente avaliados”, conclui Ana Carolina.