Mãe de Juliana, Pedro e Eduardo, Karla Marques Felmanas é executiva, empreendedora e ocupa a vice-presidência de uma das maiores indústrias farmacêuticas do país, o Grupo Cimed. Para completar, ela foi eleita como uma das Mulheres de Sucesso pela Forbes em 2021. Em entrevista exclusiva à Pais&Filhos, Karla fala sobre maternidade, carreira, liderança e como equilibra todos esses papéis sendo mãe e mulher.
Você foi mãe com 23 anos. Você criou uma expectativa muito grande em relação à maternidade?
Desde pequena, ser mãe era um desejo muito grande. Tanto é que eu casei e, antes da lua de mel, já tinha parado de tomar anticoncepcional. Eu já queria engravidar logo. Então tinha expectativa em, de fato, ter uma família.
Como foi a amamentação para você?
Eu tentei por um mês e meio amamentar, mas não tinha leite, no ponto em que a minha filha começou a chorar de fome. Por isso, eu precisei de complemento.
LeiaMais
Mas você se cobrava?
Não. Eu acho que tudo o que a gente faz tem que ser de verdade. Para mim, o momento da amamentação foi muito sofrido, meu peito sangrava. Eu chorava. Eu pegava na mão da minha mãe ou do Marcelo, e com outra mão, segurava eles no colo e eles me arrancando o peito fora. Era uma dor insana e eu tentei de tudo o que falavam e não funcionou. Tem gente que fala que eu tinha que ter resistido. E você está numa época da vida tão fragilizada que se sente a pior mãe do mundo. Mas o Marcelo e minha família sempre me apoiaram. É para ser uma coisa prazerosa e nunca foi prazeroso para mim, então não fazia sentido.
Como foi e é conciliar carreira e maternidade?
Eu sempre preservei o máximo possível a qualidade do tempo que eu estava com meus filhos, não a quantidade, porque esta não era uma opção minha. Eu não conseguiria ser uma pessoa realizada se eu tivesse sido só mãe. Para minha realização aos 50 anos era muito importante eu ter tido a experiência de uma empresária e a experiência de ser mãe. Foi o que eu construí, como eu escolhi.
No final, os meninos foram criados com independência, porque sabiam que o meu celular está sempre ligado, que eu estava disponível, mas não aquela coisa de ficar trocando mensagem o dia inteiro. Ao mesmo tempo, eles tinham muita responsabilidade com autonomia. Então, a consequência das coisas que eles escolheram fazer ao longo da vida foi muito mais escolha deles do que nossa, porque criamos eles para essa exposição, para o mundo.
Qual é a melhor parte de ser mãe para você?
Ter deixado um legado no mundo. É tão importante deixar uma contribuição, de fato. Para mim, esse é meu maior legado, ver que eles estão levando a vida nos valores que eu e o Marcelo achamos importantes, contribuindo para o crescimento geral de muita gente.
E os três filhos estão trabalhando aqui. Como é essa relação?
O Pedro sempre foi muito artista, já a Juliana era super de número, matemática, tinha a ver com esse mundo nosso aqui. Então sempre deixei o Pedro livre para fazer o que quisesse. Nós fizemos esses testes vocacionais, ele foi na psicóloga, entrou em arquitetura, cursou cinco anos, abriu um escritório, ficou dois anos com escritório e no começo desse ano ele expressou a vontade de trabalhar na Cimed. Ele está na área de estética, que precisa de um olhar apurado.
Vocês fizeram uma virada de comunicação na Cimed. As pessoas sabem hoje o nome da farmacêutica, e não só do produto. Como foi isso?
Faz tempo que a gente trabalha esse branding amarelo, justamente para fortalecer essa marca, que assinaria todos os produtos. Então, todos os nossos produtos tem uma faixa amarela. Foi a maneira que nós, na época, entendemos como podíamos divulgar nosso produto. E quando abriram as redes sociais, sempre tivemos nosso jeito pra falar, foi natural. Hoje não tem uma separação da pessoa física para a jurídica, é tudo junto.
Em alguma das três gestações, você teve baby blues ou depressão pós-parto?
Eu nunca tive nada de depressão ou baby blues. Também nunca tive nenhuma coisa muito séria de doença com meus filhos e agradeço por isso.
Para você, o puerpério foi tranquilo?
Super tranquilo. Fiz a quarentena que tinha que fazer, porque passei por três cesáreas, mas depois tudo certo.
Como vocês lidam com licença-paternidade e licença-maternidade na Cimed?
A licença-paternidade seguimos o que é previsto por lei, assim como a licença-maternidade de 120 dias. E tem esse projeto de auxílio. Na fábrica, tem uma creche, em Pouso Alegre, onde as mães podem voltar para trabalhar e deixar o bebê lá. É referência na cidade. Em São Paulo, a gente ajuda com recurso financeiro.
Nosso colunista Marcos Piangers está com um projeto de lei para aumento da licença-paternidade. O que você acha de igualar?
Acho super legal. Em Copenhague, capital da Dinamarca, é uma decisão da família quem vai trabalhar e quem vai ficar em casa. É muito cultural aqui no nosso país. Mas eu percebo aqui na Cimed, que hoje os pais são muito mais colaborativos. Vira e mexe a gente está em reunião, dá 17h30 e um funcionário fala: “Me dá licença, que eu preciso buscar o meu filho”. Quando eu escutaria isso há 20 anos?
Família é tudo para você?
Para mim, é. Na minha vida, sem dúvida nenhuma, o trabalho é muito importante, mas a minha família tem o primeiro lugar. Eu falo isso toda hora nas minhas redes, escrevi isso no meu livro. A gente tem mania de achar que como é família, já convive junto, não precisamos fazer nada por eles. Mas se, de fato, a sua família é tão importante para você, o que você está fazendo por ela, na verdade? Tem que dar carinho, afeto, estar junto, colaborar nas coisas boas e ruins.
