Regina Evaristo teve a vida mudada pelo coronavírus, assim como muitos brasileiros. A mulher perdeu o filho 15 dias depois de ter a notícia que estava com o Covid-19. Alan era enfermeiro, tinha 38 anos e foi enterrado às pressas, sem que a mãe pudesse o ver pela última vez. No entanto, Regina resolveu usar a dor para montar uma operação contra a doença, recolhendo alimentos e máscaras para entregar aos profissionais da saúde que atuam em zonas pobres do país.
“É uma ferida aberta”, afirma a mãe, em entrevista ao IstoÉ. “A pessoa some. Depois eles te ligam dizendo: ‘ele faleceu’. E você não pode ver, não pode fazer velório. É uma dor elevada à potência máxima”, desabafou ela.
Mãe e filhos fundaram juntos a ALEA, uma organização de caridade no Rio de Janeiro. Depois da partida de Alan, Regina começou a focar as ações do grupo para prevenir e combater o coronavírus. “Tenho vídeos de pessoas (…) no mesmo hospital onde Alan estava que foram abandonadas nas alas porque os profissionais não tinham equipamento de segurança suficiente. Não havia maneira de entrar para levar nem a alimentação”, relata ela. “Muitas pessoas morreram abandonadas”, alerta a mulher.
Alan foi diagnosticado com coronavírus no início da pandemia, no dia 7 de abril, quando o Brasil registrava 2.906 óbitos. Três dias depois o enfermeiro foi internado e depois de mais três dias, foi entubado. Nessa época, ele chegou a ligar para a mãe para falar sobre um problema no carro. Foi a última vez que os dois se falaram. Alan tinha uma esposa e uma filha de 9 anos.
“Naquele momento de dificuldade eu tinha dois caminhos: ficar somente com a dor e me lamentando, ou colocar em prática o que nós conversávamos sempre: transformar o luto em luta”, diz Regina.
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