Embora a sociedade, em teoria, aceite a amamentação, muitas mães não se sentem confortáveis o suficiente quando amamentam em público. Isso faz com que a discussão se torne no mínimo contraditória: enquanto o aleitamento vem sendo cada vez mais promovido como algo essencial para a saúde da criança, as mães, muitas vezes, são julgadas e criticadas quando amamentam fora de casa.
A MAM Baby realizou em maio, uma pesquisa para entender melhor a rotina e vida de mães que amamentam ou já amamentaram. Buscando saber quais as dificuldades enfrentadas durante o aleitamento e explorar a visão sobre a amamentação em público, o estudo ouviu 319 mães desde maio de 2024 em todas as regiões do país.
A maioria das mães, 88% das entrevistadas, revelou que gostam ou gostaram da experiência de amamentar. Entre os principais motivos apontados a favor da amamentação, estão a saúde do filho, com 92%; o vínculo entre mãe e filho, com 82%; redução no risco de câncer de mama e dos ovários, com 36%; pela facilidade de carregar o leite materno consigo, com 26%; por não ter custo, com 24%; porque é esperado pela sociedade, com 5%.
LeiaMais
A pesquisa também levantou que 7 em cada 10 mães têm forte incentivo social para amamentar em público e 72,16% concordam que a amamentação é aceita na sociedade. Porém, das mães entrevistadas, 60% já evitaram amamentar em público. O mesmo tanto de mulheres buscam locais mais privados. Toalhas, mantas e roupas para amamentar estão entre os itens mais utilizados para o aleitamento em público.
A pesquisa ainda levantou mais dados sobre o tema:
- 9 em cada 10 mães amamentam priorizando a saúde dos filhos;
- 90% das mães revelaram ter amamentado em público. Das escutadas, 50% relatam desconforto ao amamentar em locais públicos, no Sudeste, o número cresce para 70%. Esse desconforto é um fator que auxilia no processo de fazer o desmame mais rápido para mães que enfrentam produção insuficiente de leite ou exaustão;
- 30% das mães relataram ter passado por situações negativas ao amamentar em público, sendo que metade desses episódios ocorreu em locais que são denominados amigáveis para famílias. Dentre os espaços mencionados, os mais citados foram shoppings, restaurantes e parques.
A pesquisa também enfatizou que a possibilidade de amamentar em público pode ser positiva não só no bem-estar das mulheres, mas também no vínculo entre mãe e filho, fazendo com que seja uma experiência mais tranquila e natural.
“Pessoas ficavam olhando com cara de nojo”
Durante a pesquisa, diversas mães deram relatos pessoais e gerais, enfatizando situações em que foram criticadas por amamentar em público: “Fui a uma consulta com meu filho e estava na recepção. Fui para um lugar mais reservado para amamentar, mas a recepcionista me disse que não poderia amamentar ali porque tinha outras crianças”, relatou uma das mães.
“As pessoas ficavam olhando com cara de ‘nojo’ e soltavam comentários do tipo: Essa criança já está muito grandinha pra ficar mamando ou Um absurdo alguém ficar amamentando em público, deveria buscar um lugar reservado”, desabafou outra
Outras entrevistadas também ressaltaram a importância de debater a questão: “Precisa ser trabalhado na sociedade para que parem de sexualizar o momento de amamentação, acredito que este seja o motivo pelo qual tantas pessoas se sentem incomodadas com este ato”
A MAM Baby, que está presente em mais de 60 países, realizou a pesquisa para as filiais como Áustria, Reino Unido, Espanha, Grécia, França, Hungria, entre outros. Em todos os países, os resultados não foram tão diferentes do Brasil. Entre as mulheres entrevistadas, 63% seguem a diretriz da OMS e amamentam por pelo menos seis meses. Além disso, 75% das mães que amamentam em público decidiram alimentar os bebês em locais mais privados e pouco visíveis.
