No inverno, o ar frio e seco provoca irritação das vias respiratórias e contribui para o desencadeamento e/ou agravamento das doenças respiratórias, principalmente em crianças e adolescentes que já sofrem com algum problema de base, como rinite e asma”, aponta Mirela Yunes, gerente médica da União Química, filha de Liliana.
A especialista explica que além das baixas temperaturas, a baixa umidade também favorece a concentração de poluentes no ar: “A combinação desses efeitos é responsável pelo aumento de consultas médicas e internações hospitalares por doenças respiratórias”. A Dra. Márcia Regina Liguori Varejão, pediatra e homeopata, mãe de Thais e Julia, complementa que o ar seco e frio deixa a mucosa respiratória menos responsiva e mais sensível aos agentes externos. Por isso, esta época do ano exige cuidados redobrados e especiais, principalmente quando falamos das crianças, uma vez que elas têm o sistema imunológico ainda em desenvolvimento.

E a melhor forma de lidar com as doenças é justamente a prevenção para garantir o desenvolvimento saudável do seu filho. O Dr. Márcio de Queiroz Elias, gerente médico da Hypera Pharma, pai de Gustavo, explica: “As doenças respiratórias podem evoluir rapidamente para quadros mais graves, necessitando de hospitalização e até mesmo intervenções mais invasivas. Além disso, infecções recorrentes podem afetar o crescimento e o desenvolvimento geral da criança, interferir no seu desempenho escolar e nas atividades diárias”.
Nesse sentido, a Dra. Jackeline Barbosa, VicePresidente da área Médico-Científica da Herbarium, mãe de Victor e Luiza, afirma: “O principal motivo para prevenir essas doenças é não gerar uma reação em cadeia”.
Todo cuidado é válido
A prevenção é uma forma e caz de prezar pela saúde das crianças, melhorar a qualidade de vida delas e reduzir o estresse e a sobrecarga para os pais. Os especialistas ofereceram sugestões práticas para cuidar da saúde das crianças afim de proteger não só elas, mas toda a família:
- Garantir uma boa e alta hidratação
- Prezar por uma alimentação saudável, rica em vitaminas e minerais, incluindo frutas, verduras, legumes, sementes, grãos e cereais
- Praticar atividades físicas regularmente
- Estar com a vacinação em dia
- Cuidar para ter um sono de boa qualidade
- Manter os ambientes arejados e ventilados
- Usar agasalhos de forma adequada à temperatura (sem exageros)
- Evitar aglomerações
- Realizar a lavagem nasal diária
- Seguir a Etiqueta da Tosse, cobrindo com o antebraço a boca e o nariz, ao tossir ou espirrar
- Higienizar as mãos com frequência, assim como usar álcool em gel e máscara se necessário
- Fazer a higienização dos brinquedos
- Umidificar o ambiente se o ar estiver muito seco
- Evitar o contato direto com pessoas contaminadas
- Estimular o brincar ao ar livre, evitando telas
- Realizar consultas regulares com o pediatra
- Oferecer suplementos e multivitamínicos para o fortalecimento da imunidade (sempre indicados e supervisionados pelo médico responsável)
- Fazer uso de medicamentos homeopáticos (sempre indicados e supervisionados pelo médico responsável)
SOS?
Mesmo com os métodos de prevenção, ainda é possível contrair a doença. Leila Carvalho, Diretora Médica da Kenvue na América Latina, mãe de Letícia e Luiza, avisa: “Quando retornam às escolas, as crianças são expostas a uma aglomeração de pessoas depois de meses, e por ficarem reunidas em grande número dentro das salas de aula, o risco de contraírem doenças infecciosas aumenta consideravelmente”.

Então, afinal, qual é o momento de pedir ajuda? Para o Dr. Márcio Elias, os pais devem procurar atendimento médico ao identificarem: sintomas persistentes de tosse, febre alta e dificuldade para respirar; desidratação; exacerbação de doenças crônicas. Mirela Yunes ainda acrescenta que a principal preocupação é evitar que uma virose se agrave a ponto de necessitar uma internação hospitalar.
E nesse sentido, o tempo faz toda a diferença. “É sempre muito importante identificar quando é uma gripe, um resfriado ou uma alergia para entrar com o tratamento mais adequado o mais breve possível”, exemplifica a Dra. Jackeline Barbosa. Ao que a Dra. Márcia Regina Varejão defende que as faixas etárias que merecem uma atenção especial são bebês e idosos, principalmente aqueles que possuem doenças crônicas ou com limitações físicas.
Rede de proteção
A Dra. Jackeline Barbosa alerta: “As infecções respiratórias são grandes portas de entrada para complicações de outras doenças. Quando o vírus está dentro do organismo, ele pode causar vários danos e inflamação em diversos órgãos”, e isso pode trazer riscos para a saúde como um todo. A Dra. Márcia Regina Varejão destaca o aumento significativo de infecções virais como resfriado, gripe e pneumonia, além da piora do padrão respiratório de pacientes com asma e/ou rinite.
Por isso, os cuidados com a saúde começam em casa. Como as doenças de inverno são altamente contagiosas, o Dr. Márcio Elias enfatiza a importância de isolar a criança doente e tomar medidas para evitar a disseminação. Sim, pode acontecer um aumento nos casos de doenças respiratórias nesse período e, sim, o cuidado dentro e fora da sua casa irão reduzir as chances de infecção, mas se elas baterem na sua porta, procure um médico especialista e siga as recomendações.
Fique ligado
Alguns sintomas das infecções mais comuns durante o inverno são bem parecidos, por isso, é importante saber reconhecer o que difere uma doença da outra.
Resfriado
- O QUE É: infecção viral nas vias respiratórias superiores.
- CAUSA: há mais de 200 tipos de vírus. Eles penetram no corpo pela boca, olhos, nariz. O contágio acontece pelo ar ou contato físico.
- SINTOMAS: coriza, espirros, tosse, dor de garganta, dor no corpo e febre baixa.
- QUANDO IR AO MÉDICO: falta de ar, abatimento e febre alta e persistente.
Gripe
- O QUE É: infecção contagiosa do sistema respiratório causada pelo vírus Influenza.
- CAUSA: no ar ou pelo contato direto com pessoas gripadas.
- SINTOMAS: febre alta, dores, cansaço, tosse seca, espirro, coriza.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se a criança estiver com dor forte na cabeça, no corpo e dificuldade de respirar.

Pneumonia
- O QUE É: infecção dos pulmões.
- CAUSA: infecções bacterianas ou virais, resfriado mal curado, exposição a fumo e ar condicionado.
- SINTOMAS: febre alta, dor no tórax, abatimento, falta de apetite, tosse, chiado no peito e dificuldade de respirar.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se a criança estiver com febre alta, abatida e com secreção amarela ou esverdeada e dificuldade de respirar.
Asma
- O QUE É: doença inflamatória das vias aéreas inferiores (brônquios).
- CAUSA: existem diferentes causas para a asma, que podem ser alergias provocadas por perfumes e aromas, pelos de animais, ácaros, poeira ou alguns alimentos como leite ou ovos.
- SINTOMAS: sensação de aperto no peito, dificuldade para respirar e tosse com chiado. Pode causar também irritabilidade, recusa de alimentos, respiração forçada e movimentação intensa das narinas.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se a criança tiver dificuldade para respirar e até falar. Se apresentar coloração azulada em torno da boca.
Otite
- O QUE É: infecção de ouvido que pode ser externa, localizada na orelha, ou média, ligada à porção interna do ouvido.
- CAUSA: na maioria das vezes, a inflamação é causada por vírus, bactérias ou fungos. Costuma ocorrer durante ou após gripes, resfriados ou infecções na garganta ou respiratórias.
- SINTOMAS: na otite média ocorre redução da audição, perda de apetite, eliminação de secreção pela orelha e febre. Crianças menores às vezes têm vômito e diarreia. Na otite externa, dor forte e abafamento do som.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se a criança manifestar irritabilidade e sair secreção do ouvido.
Sinusite
- O QUE É: inflamação da membrana que reveste a cavidade nasal e os seios da face.
- CAUSA: por alergia, infecção ou como consequência de infecções das vias aéreas superiores que não foram tratadas corretamente.
- SINTOMAS: dores de cabeça, pressão na parte superior da cabeça e seios da face, nariz entupido, coriza, tosse.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se a criança tiver febre, fraqueza, dores de cabeça, nos seios da face e região superior, mal-estar e piora da tosse com secreção esverdeada.
Bronquiolite
- O QUE É: infecção dos brônquios, ramifi cações que levam ar aos pulmões. A doença acomete principalmente bebês e crianças de até 2 anos.
- CAUSA: a principal causa é o vírus sincicial respiratório.
- SINTOMAS: obstrução da saída do ar e esforço para respirar. Febre, chiado no peito e tosse.
- QUANDO IR AO MÉDICO: sempre, principalmente se a criança estiver com febre, aparência abatida, respiração rápida com esforço, peito chiando e extremidades azuladas.
Rinite
- O QUE É: doença inflamatória crônica das mucosas do nariz. Nos casos agudos, sua duração é de até três semanas, e, nos casos crônicos, se prolonga por mais de 21 dias.
- CAUSA: contato com poeira, ácaros e fungos, ar condicionado, mudanças bruscas de temperatura.
- SINTOMAS: secreção nasal, tosse, espirros, olhos vermelhos, coceira nos olhos e no nariz. Se não for tratada de forma correta, pode expor a criança a outras doenças das vias respiratórias, como sinusite e crises de asma.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se a criança ficar agitada, com dificuldade para respirar, tiver inchaço nos lábios ou olhos. E piora da tosse.
Amigdalite
- O QUE É: inflamação nas amígdalas, que pode ser ocasionada tanto por vírus quanto por bactérias.
- CAUSA: os casos virais ocorrem como consequência de gripes e resfriados e desaparecem com a melhora do organismo. Já os causados por bactérias necessitam de cuidados com antibióticos.
- SINTOMAS: dor de garganta, dificuldade para engolir, febre acima de 38°, dor de cabeça e mal-estar, mau hálito, ausência de apetite, amígdalas inchadas e vermelhas e pode haver ocorrência de pus.
- QUANDO IR AO MÉDICO: se houver placa de pus na garganta, febre alta e falta de apetite.