
Nesta quinta-feira (03), Selena Gomez aproveitou sua conta nas redes sociais para mostrar um projeto em que está participando. A atriz acabou de produzir um documentário chamado “Living Undocumented”, o qual fala sobre famílias de imigrantes dos Estados Unidos.
O documentário traz a história de oito famílias que passaram por situações difíceis durante o processo de imigração. A produtora procurou trazer os problemas dessa trajetória, como os dramas, dificuldades e humilhações que esses grupos têm que passar.

O início do projeto, em parceria com a Netflix, se teve por que a artista tem descendência mexicana. Pensando sobre as pessoas que passam por tudo isso, além da questão da nacionalidade que ela traz como herança, a cantora decidiu fazer o projeto em tentativa de dar visibilidade e voz aos imigrantes.
“É uma honra compartilhar esse projeto com alguns dos meus amigos e com a minha família ontem à noite e apresentar a eles essas incríveis pessoas corajosas dos quais compartilharam suas histórias neste documentário. Grata por participar de uma parte e estar mostrando para o mundo” escreveu na legenda da postagem.
O sofrimento das crianças
As imagens de filhos cruelmente separadas dos seus pais e mantidos em gaiolas como resultado da decisão de política de “tolerância zero” dos Estados Unidos vai deixar marcas permanentes na história mundial. De acordo com o governo americano, quase 2.000 menores de idade foram separados de seus pais ou tutores nas últimas seis semanas.
Essa política migratória aplicada pela administração do presidente Donald Trump gerou indignação dentro e fora dos Estados Unidos. Após a pressão de outros líderes mundiais, Trump voltou atrás e assinou o decreto que suspende a separação de pais e filhos imigrantes na fronteira com o México — as famílias que entrarem nos Estados Unidos de maneira ilegal serão detidas juntas.
A Honduran asylum seeker, 2, and her mother are taken into custody near the US-Mexico border. The Trump administration’s “zero tolerance” policy for undocumented immigrants calls for the separation of parents and children. #gettyimages #undocumented #gettyimagesnews pic.twitter.com/2tCmxDYlvd
— John Moore (@jbmoorephoto) June 13, 2018
Mas e as marcas deixadas na mente e no psicológico dessas crianças? Infelizmente, elas também serão permanentes. Segundo a ONG americana Save the Children, tanto a separação das famílias, como a prisão dos filhos juntos com os pais são prejudiciais e só pioram a situação de crianças que já estão em condições de vulnerabilidade.
Segundo Carolyn Miles, presidente da ONG, esse decreto não muda muita coisa, somente substitui a separação familiar por prisão em família e em nenhum momento fala sobre o futuro das crianças. “Nós é que devemos ter tolerância zero para políticas que não colocam os interesses dos menores de idade em primeiro lugar. Em quase 100 anos de serviço, provamos que a detenção familiar tem efeitos adversos significativos no desenvolvimento da criança e no bem-estar psicossocial, o que acaba resultando na perda da infância”, completou.
Para Mônica Pessanha, psicóloga e mãe de Melissa, a separação dos familiares traz uma sensação de abandono completamente prejudicial para o desenvolvimento de uma criança. “Elas se sentem rejeitadas pelo ambiente, que parecia tão promissor, e não sabem o que vai acontecer depois”, explica. O afastamento dos pais pode alterar a formação da personalidade gerando pessoas inseguras que irão construir uma necessidade de se defender do mundo a todo custo. “No futuro, esse indivíduo pode ser agressivo e até infringir leis”.
Outros movimentos sociais também condenaram a política de tolerância zero afirmando que ela pode causar danos psicológicos irreversíveis nessas famílias. “É uma política cruel. Os danos psicológicos severos que os funcionários do Estado estão causando a estas pessoas com o propósito de exercer coerção enquadram-se na definição de tortura, segundo a legislação americana e a legislação internacional”, afirmou Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para a região das Américas.
Erika afirma que muitos desses grupos familiares são de países com violência generalizada e graves violações dos direitos humanos, como é o caso das Honduras e El Salvador. O assunto é grave e a situação, alarmante. Em maio, por exemplo, um hondurenho de 39 anos cometeu suicídio em uma prisão do Texas depois de ter sido separado da mulher e de seu filho de 3 anos, de acordo com o Washington Post.
Não podemos aceitar a situação como normal. É preciso proteger essas crianças, em vez de colocá-las em jaulas ou em prisões ao lado da família.
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