Levanta a mão quem se apavorou assistindo à série “Adolescência”.
Bem-vindo ao clube! Mas nossa conversa de hoje é para mostrar que nem tudo está perdido. (E até descobrir que essa fase é incrível e não precisa ser tão desgastante).
Aí você me pergunta: existe momento específico para se preparar para a adolescência? Nananinanão. Num dia é uma criança. No outro, você deixa de fazer sentido para ele, e os fones de ouvido parecem que foram colados na criatura.
Então como a gente faz?
A gente se prepara para a adolescência dos filhos já durante a gestação. Ou nas primeiras trocas de fralda. O primeiro banho é uma bela introdução à adolescência.
Vale também assistir às apresentações da escolinha, ter longas conversas nas viagens de carro, sentar-se ao lado do filho para orientar a lição de casa. Ou as idas ao pediatra e ao parquinho. Dizer não tantas vezes. Dar risadas outras mais. Fazer curativo, pegar no colo, dar beijo, contar histórias. Brigar. Fazer as pazes.
Cada uma dessas pequenas vivências cotidianas carregadas de significado vai preparar a família para a adolescência. Prepara o pai, a mãe e o filho.
Quem já leu algum texto meu, sabe que defendo um tripé para a educação dos nossos filhos: presença, afeto e limites. Para adolescentes, acrescento um item: não julgue seu filho. Muito menos suas escolhas. Ao menos por um tempo. Enquanto ele batalha para se diferenciar da família e se encaixar no grupo.

Lembre-se sempre:
- Exercite a escuta. Nós, adultos, temos uma mania irritante de não escutar crianças e adolescentes, porque nós sabemos tudo. Escute. Aprenda com seu filho.
- Não é verdade que tudo na sua época era melhor. Então, criticar as escolhas do seu adolescente por pura falta de empatia não vai levar a nada. Contar como era no seu tempo pode ser uma experiência divertida entre vocês.
- Entenda os silêncios do seu adolescente. Mas fique atento para os excessos.
- Compreensão, empatia e acolhimento são fundamentais. Porém, se você não se sentir respeitado, deixe isso claro para o seu adolescente. Limites são ainda mais fundamentais neste contexto.
- Mantenham acordos e regras claras para o uso de redes sociais. Tempo de uso e conversas sobre conteúdos. Seja exemplo: largue o celular você também.
- Entenda e explique ao seu filho a diferença entre privacidade e intimidade. são coisas parecidas, mas têm diferenças importantes. Intimidade tem a ver com os laços e conexões. É o espaço em que só podemos entrar com autorização. Já privacidade é o espaço pessoal que cada um precisa para se sentir seguro e respeitado. Porém, para crianças e adolescentes tem outro formato: você precisa sim ver o que seu adolescente de 13 anos faz no celular ou computador.
- Fundamental: não inicie toda conversa por um julgamento ou crítica. Esse é o erro mais comum e o que mais nos afasta dos nossos filhos.
Sim, a série “Adolescência” traz um extremo. Mas muito do que está ali, com lente de aumento, nossos filhos podem viver no cotidiano. O pano de fundo é comum a todos: a pedreira de ser adolescente. Então, para não chegar no fim da temporada com o sentimento de “eu devia ter feito mais”, vamos agir agora.