Logo após o parto, é comum que o corpo da mulher passe por uma espécie de faxina interna. Esse processo envolve um sangramento conhecido como lóquios, que nada mais é do que a eliminação dos resíduos da gravidez, como o revestimento do útero, por exemplo. Esse sangramento começa com uma cor vermelho vivo, vai ficando rosado e, com o passar dos dias, tende a escurecer e diminuir até desaparecer por completo.
Mas quando o sangue insiste em continuar com a mesma intensidade, ou até aumenta de volume, é hora de acender o sinal de alerta.
Quando o sangramento ultrapassa o limite do normal
Em alguns casos, esse sangramento não segue o roteiro tradicional. Ele se mantém forte, permanece vermelho vibrante mesmo depois de alguns dias ou, pior, aumenta. Esse cenário pode indicar a chamada hemorragia pós-parto tardia – um problema raro, mas sério.
Essa condição atinge cerca de 1% das mulheres e pode acontecer entre 24 horas após o parto até 12 semanas depois. Diferente da hemorragia pós-parto imediata, que ocorre logo nas primeiras horas, a tardia costuma dar sinais entre uma e duas semanas após o nascimento do bebê.
Fique atenta a estes sinais
Nem todo sangramento prolongado é motivo para pânico, mas alguns sinais não devem ser ignorados. É essencial procurar atendimento médico com urgência se houver:
- Necessidade de trocar o absorvente a cada hora
- Sangue vermelho intenso por mais de quatro dias
- Coágulos maiores que uma bola de pingue-pongue ou de golfe
- Cheiro desagradável no sangue ou presença de febre e calafrios
Em casos mais graves, quando o sangramento é intenso e vem acompanhado de sintomas como tontura, fraqueza, respiração acelerada, pele úmida e confusão mental, é fundamental ir ao hospital imediatamente. Isso pode indicar perda significativa de sangue e sinais de choque, exigindo atendimento emergencial.

O que pode causar a hemorragia pós-parto tardia?
Existem algumas possíveis causas por trás desse tipo de hemorragia. Uma das mais comuns é o útero que não se contrai como deveria, o que pode ocorrer por infecção ou restos da placenta ou da bolsa amniótica que ficaram no útero. Às vezes, os dois fatores estão presentes.
Também existem causas menos frequentes, como distúrbios de coagulação hereditários – entre eles, a doença de Von Willebrand. No entanto, em certos casos, a origem do problema permanece um mistério.
Como é feito o tratamento?
Como se trata de um quadro potencialmente grave, a hospitalização é geralmente necessária. O tratamento costuma começar com a administração de soro e medicamentos intravenosos para estimular as contrações do útero. Antibióticos também entram na lista de cuidados, especialmente quando há suspeita de infecção.
Para verificar se ainda há fragmentos da placenta no útero, é feita uma ultrassonografia. Se houver tecidos remanescentes, pode ser indicada uma curetagem, que é um procedimento cirúrgico para removê-los. Em situações extremas, quando o sangramento não cede de jeito nenhum, pode ser necessária uma histerectomia, a retirada completa do útero.
Durante todo o processo, a equipe médica monitora a paciente de perto, observando a resposta do organismo, possíveis infecções e qualquer novo sinal de sangramento. Nos primeiros dias, a recomendação é repouso absoluto, levantar sozinha não é uma boa ideia nesse momento.
Passada a fase crítica, o foco volta-se à recuperação. Repor os nutrientes perdidos é essencial, e isso inclui uma boa alimentação, bastante líquido e, se necessário, suplementação com ferro e vitaminas, especialmente o ácido fólico. Em alguns casos, quando a perda de sangue foi significativa, pode ser indicada uma transfusão sanguínea.










