Para que a mulher consiga engravidar, o corpo dela precisa estar apto para isso. Em outras palavras, é necessário que ela esteja fértil e tenha relações sexuais durante esse período. Mas, e fora desse tempo? Ainda assim é possível que isso aconteça? Para responder essa e mais perguntas, conversamos com o Dr. Igor Padovesi, ginecologista e obstetra, pai de Beatriz, Guilherme e Cecília, e colunista da Pais&Filhos.
Antes de começar, é preciso entender o que é o período fértil da mulher. “É o momento do ciclo menstrual em que a mulher está fértil e com chance de engravidar se ela tiver relação dentro desse período, que é quando acontece a ovulação”.
Para a maioria das mulheres, esse momento acontece no meio do ciclo menstrual. “Vamos supor que a mulher tem um ciclo padrão e menstrue a cada 28 dias. A ovulação geralmente acontece na metade, aproximadamente perto do 14º dia, sendo que o primeiro dia do ciclo é o primeiro dia de fluxo, quando desce a menstruação“, exemplifica o obstetra. “A menstruação dura do dia um ao dia quatro ou cinco. Lá pelo dia 14 ela estará ovulando e, no dia 28 ela irá menstruar novamente. Isso pode ser definido como um ciclo menstrual padrão e regular, podendo durar entre 25-35 dias também”.
É possível engravidar fora do período fértil?
Na lata: sim. “A ovulação não acontece necessariamente e exatamente no meio do ciclo. Isso pode variar um pouco para algumas mulheres”, explica o obstetra. O ciclo menstrual é divido em duas etapas: antes da ovulação, que é um período mais curto, e depois dela, que geralmente é um pouco mais longo. Quando pensamos em mulheres com ciclos menstruais irregulares, também estamos falando de uma ovulação irregular – ou seja, nunca se sabe quando esse momento vai acontecer.
“Mesmo as mulheres com ciclos regulares, não necessariamente a ovulação acontece bem no meio do ciclo. Isso pode acontecer um pouco antes ou depois do dia estimado”. O segundo ponto importante a ser levado em consideração é o tempo médio de sobrevivência do espermatozoide dentro do canal vaginal. “Em média, ele sobrevive por 2 a 3 dias. Alguns espermatozoides podem sobreviver viáveis e capazes de fecundar o organismo da mulher por até cinco dias”, explica o Dr. Igor Padovesi.
“Imagine que a mulher tem a ovulação um pouco mais cedo e a primeira fase do ciclo mais curta. Ela vai liberar óvulos por volta do dia 11, 12 do ciclo e teve uma relação desprotegida no sexto ou sétimo dia do ciclo, pouco tempo depois que acabou a menstruação. Se o espermatozoide durar cinco dias, ela corre risco de engravidar”, esclarece o especialista.
Qual o período em que é mais difícil engravidar?
Dr. Igor Padovesi conta que o momento do ciclo menstrual em que há menos chances de uma gravidez acontecer é no período de dias que antecedem a descida da menstruação. O especialista também faz um alerta em relação ao uso de aplicativos de celular que ajudam a acompanhar o ciclo: “Eles sempre vão se basear numa média de uma probabilidade maior. Mas, existe uma porcentagem de mulheres que não vão seguir a estimativa do aplicativo e, por isso, o app não vai mostrar de fato quando ela está ovulando, porque individualmente isso pode variar bastante”.
Quando saber se estou no período fértil?
A melhor maneira de descobrir se você está ovulando e, por isso, fértil, é fazendo testes de fertilidade. “Com isso, dá para a gente saber melhor o período fértil de fato, e não só a estimativa, que é baseada no período do ciclo baseado na média. Estes testes de ovulação ajudam a saber com mais precisão o período dos dias do ciclo em que a mulher está ovulando”.
Gravidez fora do período fértil X tomar anticoncepcional de maneira errada
Sim, as duas coisas estão relacionadas. “Atualmente, as pílulas usadas são de baixa ou baixíssima dosagem. O fato de esquecer o anticoncepcional aumenta muito o risco de acabar ovulando – e é por isso que a maioria das mulheres engravida mesmo tomando esse contraceptivo. Além disso, a eficácia do remédio quando ele não é tomado direito é muito baixa, porque é um método que depende da adesão ao uso”, explica o ginecologista. “Se tomada corretamente, a pílula tem risco de falha de 0,5%, o que é uma mulher a cada 200 que engravidam tomando da maneira correta”, ressalta. A gravidez pode acontecer, sim, tomando o anticoncepcional da maneira correta – mas as chances de isso acontecer, de acordo com o especialista, são bem menores.
