Descobrir que está grávida de gêmeos pode ser uma grande surpresa, daquelas que deixam qualquer um entre o susto e a emoção. Mas, depois do impacto inicial, é normal que surjam algumas dúvidas e preocupações, principalmente sobre os possíveis riscos dessa gestação. Afinal, a gravidez múltipla exige um pouco mais de atenção e cuidados.
Por que a gravidez de gêmeos é considerada de risco?
O termo “gestação de risco” não significa que algo ruim vai acontecer, mas sim que há uma chance maior de complicações, o que exige acompanhamento mais frequente. No caso de gêmeos (ou mais), esse monitoramento extra é uma forma de precaução.
Embora muitas gravidezes múltiplas terminem com bebês saudáveis nos braços, existe um risco maior de parto prematuro, pressão alta, diabetes gestacional, entre outros. Por isso, o pré-natal deve ser levado a sério. Ir a todas as consultas e fazer os exames indicados é o melhor caminho para detectar qualquer sinal de alerta o quanto antes.
Risco de aborto espontâneo na gravidez múltipla
O risco de aborto espontâneo é um pouco maior quando se espera mais de um bebê. E, nas primeiras semanas, o sangramento é mais comum em quem está grávida de gêmeos: cerca de 30% relatam algum sangramento no início da gestação.
Em alguns casos, pode acontecer a perda de apenas um dos fetos, algo chamado de síndrome do gêmeo desaparecido. Isso costuma ocorrer no primeiro trimestre e, na maioria das vezes, não prejudica o desenvolvimento do outro bebê. Mesmo sem sintomas físicos, o impacto emocional pode ser significativo, e sentir tristeza faz parte do processo.

Complicações mais comuns em gestações múltiplas
Fazer dois ou mais bebês crescerem ao mesmo tempo não é uma tarefa simples para o corpo. Por isso, algumas complicações são mais frequentes nesse tipo de gravidez:
- Parto prematuro: cerca de metade das gestações de gêmeos termina antes das 37 semanas.
- Pressão alta e pré-eclâmpsia: o risco é três vezes maior em gravidezes de gêmeos e pode chegar a nove vezes em caso de trigêmeos.
- Diabetes gestacional: aparece com mais frequência em quem está grávida de mais de um bebê, mas pode ser controlado com dieta, exercícios e, às vezes, insulina.
- Descolamento de placenta: pode ocorrer na segunda metade da gestação ou durante o parto, especialmente se um bebê nasce por via vaginal e o outro ainda está no útero.
- Anemia: o volume de sangue aumenta bastante, o que pode reduzir os níveis de ferro e causar cansaço. Suplementos costumam ser indicados.
- Crescimento fetal restrito: um ou mais bebês não crescem no ritmo esperado. Mesmo assim, muitos gêmeos nascem pequenos e saudáveis.
- Síndrome da transfusão feto-fetal: ocorre em gêmeos que compartilham a mesma placenta. Um bebê recebe mais sangue do que o outro, o que pode causar desequilíbrios graves.
- Colestase obstétrica: problema raro no fígado que causa coceira intensa, especialmente nas mãos e pés, e tende a ocorrer mais em gravidezes múltiplas devido aos hormônios em alta.
Como se prevenir e cuidar melhor da gestação de gêmeos
A prevenção começa com um bom diagnóstico. Saber, logo nas primeiras semanas, se os bebês compartilham a mesma placenta faz toda a diferença no planejamento do acompanhamento. O ideal é fazer um ultrassom com doppler por volta das 8 ou 9 semanas de gestação. Além disso, algumas orientações são fundamentais:
- Mantenha todas as consultas do pré-natal em dia;
- Aprenda a identificar sinais de parto prematuro e pré-eclâmpsia;
- Cuide da alimentação e beba bastante água;
- Faça atividades físicas leves, com autorização médica;
- Evite o cigarro, especialmente se os bebês dividem a placenta.