O ato de comer placenta bombou ano passado quando a apresentadora Bela Gil e socialite Kim Kardashian apareceram na mídia falando sobre o assunto. Nos Estados Unidos, uma empresa até comercializa a placenta em cápsulas. A prática, no entanto, é bem mais antiga.
Os animais fazem por instinto. Acredita-se que isso é para não deixar nenhum rastro do nascimento dos filhotes, com medo dos predadores. Nós mães humanas começamos a nos interessar por essa prática pelos boatos de que ela ajuda a diminuir o sangramento no pós-parto, contribui para que o útero volte ao tamanho normal mais rapidamente, enriquece a produção de leite e previne a depressão pós-parto.
Resta saber se tudo isso é verdade mesmo e se a ingestão da placenta é mesmo indicada pelos médicos. O obstetra Alberto Guimarães, pai de Beatriz e João Victor e precursor do programa Parto Sem Medo, não estimula comer a placenta porque não consegue achar benefícios para mãe, nem acha que vai fazer a diferença no parto.
Guimarães também se preocupa com a questão da culpa. “Isso não pode ser mais um fardo ou desafio na busca da realização da maternidade. Temos que nos preocupar para que não seja colocado mais uma cobrança na vida mãe”, explica.
O ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, pai de Giulia, concorda que as vantagens não são comprovadas. Uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina de Northwestern, em Chicago, analisou dez pesquisas sobre o tema, publicadas recentemente, e também não encontrou evidências.
Mantelli alerta, no entanto, que se for a sua vontade é preciso cautela. “Antes de ingerir a placenta, é imprescindível conversar com o médico para que as providências necessárias, como higienização, armazenamento e, posteriormente, modo de preparo da placenta, sejam tomadas. Sem os cuidados adequados pode ocorrer contaminação e trazer riscos para a saúde da mulher”, aconselha.
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