O CEO do Instagram, Adam Mosseri, anunciou uma versão do Instagram desenhada para promover mais segurança automaticamente para os adolescentes usuários da rede social.
Dentre as alterações anunciadas estão o que o Mosseri chamou de “os três pontos de maior preocupação dos pais quanto a presença dos filhos online”: Quem eles podem contatar, que tipo de conteúdo eles acessam e o tempo gasto online.
Segundo Mosseri, o aplicativo de rede social fará a detecção automática da idade do usuário baseado em suas características e até mesmo da idade declarada em outros aplicativos utilizados pelos adolescentes. Essa seria uma tentativa de bloqueio a possíveis alterações de idade que usuários adolescentes façam para conseguir acessar conteúdos
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A versão do Teen Accounts deve estar disponível em aproximadamente 60 dias. Até lá, os usuários abaixo de 16 anos podem começar a receber orientações para realizarem pedidos de permissão que deverão ter dos seus pais ou responsáveis maiores de idade.
Caberá aos pais fazerem as configurações de acessos e proteções aos seus filhos, como por quanto tempo o aplicativo poderá ser acessado, com quem os adolescentes poderão conversar, etc.
Na prática, o que parece ser um movimento de proteção aos milhares de usuários do aplicativo que são menores de 16 anos, acende três alertas importantes.
O primeiro alerta que eu destaco é que os pais podem ter a falsa sensação de segurança quanto ao que seus filhos acessam na internet. Lembre-se que já experimentamos “bugs” dos aplicativos direcionados a idades específicas, como até hoje ocorre no Youtube Kids, dentre outros aplicativos.
O segundo alerta está na falsa sensação de controle sobre o que crianças e adolescentes acessam. Por experiência própria e orientando famílias há mais de 9 anos nesse tema, quando crianças e adolescentes se sentem hiper vigiados, eles migram para outros aplicativos ou plataformas de entretenimento com acessos mais abertos, como Roblox ou Fortnite, por exemplo.
O terceiro alerta é que medidas de segurança baseadas na idade do usuário podem significar um movimento para segmentação ou direcionamento de conteúdos aos menores de idade. Essa é uma prática presente em praticamente todos os aplicativos e mecanismos de busca e é bastante questionada por associações de proteção aos menores no mundo todo.
O “profiling” ou perfilamento cria uma “peneira” que apresenta para o usuário exatamente o que ele quer ver, baseado nas preferências e gostos que, sem perceber, são informados aos aplicativos durante as nossas experiências de navegação na internet, principalmente em sites de buscas ou até mesmo nos conteúdos mais acessados.
Dessa forma, os esforços de publicidade dirigida a menores de idade, encontrariam cada vez menos barreiras, o que para o desenvolvimento e proteção de menores de idade é tão danoso quanto outros conteúdos considerados “perigosos para menores de idade”.
Lembre-se: nada substitui a presença e mediação dos pais na experiência dos filhos em ambiente online. Conversas afetivas e frequentes e o olho no olho são a ferramenta mais poderosa na relação entre pais e filhos.
