O avanço da dengue em São Paulo gerou uma situação alarmante no estado, que já conta com 199.247 casos prováveis e 104 mortes confirmadas. Em razão da gravidade da situação, o governo paulista tomará uma medida emergencial, com o decreto de uma situação de emergência para intensificar o combate à doença. O anúncio será feito hoje, 19 de fevereiro, durante uma reunião no Instituto Butantan, que contará com a presença do secretário Eleuses Paiva. Além disso, outras ações específicas para enfrentar a disseminação da doença serão detalhadas, embora a agenda ainda não tenha sido completamente divulgada.
A situação emergencial facilitará a alocação de recursos, permitindo que os municípios recebam apoio direto para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Vale lembrar que, em janeiro, o governador Tarcísio de Freitas havia assinado um decreto estabelecendo o Centro de Operações de Emergências (COE) e liberando R$ 228 milhões para apoiar a compra de insumos, como inseticidas, medicamentos e equipamentos de nebulização portátil, essenciais para o controle da epidemia.
O impacto da dengue foi ainda mais alarmante após a confirmação da primeira morte por dengue no estado em 2025: uma criança de 11 anos. A menina, infelizmente, não havia completado o esquema vacinal contra a doença, que está disponível para crianças.

Vacinação e prevenção
Em face da escassez de vacinas amplamente disponíveis, como a do Instituto Butantan, que ainda passa por aprovação, as autoridades de saúde intensificam os alertas sobre a importância das medidas preventivas para evitar a proliferação do mosquito. Entre as recomendações mais destacadas estão: manter as caixas d’água bem tampadas, eliminar objetos que possam acumular água, como pneus e materiais de construção, e manter lixeiras e materiais de reciclagem bem vedados.
Além disso, o Ministério da Saúde anunciou recentemente uma flexibilização nas regras de utilização da vacina contra a dengue para o público de 4 a 59 anos, desde que as doses estejam próximas ao vencimento nos municípios. No entanto, a cidade de São Paulo informou que não há vacinas prestes a vencer em seu estoque e continuará vacinando os adolescentes de 10 a 14 anos, como parte de sua estratégia de imunização.
O surgimento do Sorotipo 3 e seus impactos
Outro fator que tem gerado grande preocupação é o surgimento do sorotipo 3 da dengue, que voltou a circular com força no estado. Este subtipo da doença, que não tinha uma circulação significativa nos últimos 17 anos, agora representa cerca de metade das amostras de dengue no estado desde o começo de 2024. Esse aumento contínuo do sorotipo 3 é alarmante, pois, como explicam especialistas, a introdução de novas linhagens do vírus reduz a imunidade coletiva da população.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a dengue possui quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Nos últimos anos, os tipos 1 e 2 dominaram a circulação no Brasil, mas a chegada do tipo 3 traz um novo risco. A principal preocupação é que pessoas que já foram infectadas por um dos tipos anteriores não têm proteção contra os novos sorotipos, o que as torna mais vulneráveis a uma nova infecção. Além disso, a segunda infecção por dengue tende a ser mais grave e pode levar a complicações mais sérias, o que justifica a preocupação com a introdução do sorotipo 3 em uma região de alta densidade populacional como São Paulo.
Apesar do sorotipo 3 não ser capaz, por si só, de causar uma forma mais grave da doença, sua presença no estado resulta em uma maior quantidade de pessoas suscetíveis à infecção, o que pode intensificar a disseminação da doença.
O combate ao Aedes Aegypti e a importância da conscientização
Diante dessa realidade, as autoridades de saúde reforçam a importância da conscientização da população sobre as formas de evitar a proliferação do mosquito. Além de ações preventivas nas residências, como eliminar focos de água parada, a colaboração dos cidadãos é essencial para que o estado consiga controlar o surto de dengue.
A situação de emergência decretada pelo governo paulista é um passo importante, mas as medidas de prevenção devem ser complementadas com o engajamento contínuo da população. “É fundamental que todos participem ativamente dessa luta, evitando deixar água parada e adotando atitudes simples, mas eficazes, para evitar que o Aedes aegypti se prolifere”, afirma a Secretaria Estadual de Saúde.