Na madrugada desta quarta-feira (30/7), um potente abalo sísmico atingiu a região da península de Kamchatka, no Extremo Oriente russo. O evento, classificado como um dos mais intensos já registrados no país desde 1952, foi acompanhado por tsunamis que se espalharam rapidamente pelo Oceano Pacífico, colocando regiões distantes, como América do Norte e América do Sul, em estado de atenção.
Impacto imediato na Rússia e em países vizinhos
O tremor inicial, de magnitude 8,8, teve seu epicentro localizado a aproximadamente 120 km da cidade costeira de Petropavlovsk-Kamchatsky. A profundidade do terremoto foi estimada em pouco mais de 19 quilômetros, o que o caracteriza como um evento raso – geralmente mais destrutivo.
A força do abalo causou estragos visíveis: construções foram comprometidas, um jardim de infância teve a fachada destruída e embarcações foram levadas pelas ondas que invadiram parcialmente um porto. Embora não haja registro de vítimas fatais, várias pessoas precisaram de atendimento médico. “Ondas secundárias estão ocorrendo neste momento. Sua intensidade permanecerá relativamente alta”, declarou Danila Chebrov, diretor do Serviço Geofísico da Filial de Kamchatka.

Região instável do planeta
Kamchatka se encontra em uma das zonas mais instáveis do planeta, conhecida como o Círculo de Fogo do Pacífico, uma área propensa a tremores e atividades vulcânicas. Após o primeiro terremoto, outros dois abalos – de magnitudes 6,3 e 6,9 – foram registrados na sequência, ambos em menor profundidade.
A Academia Russa de Ciências destacou que esse foi o terremoto mais forte a atingir o leste russo em mais de 70 anos, ainda que a intensidade sentida tenha sido um pouco menor do que o esperado para esse nível de magnitude.
Alerta se estende pelo Pacífico
Com o risco de tsunami, autoridades de países como Japão, Alasca, Havaí e a costa oeste dos EUA acionaram protocolos de emergência. O estado norte-americano do Havaí chegou a emitir ordens de evacuação, posteriormente revogadas, após o nível de alerta ser reduzido.
Na Califórnia, foram observadas ondas com mais de 0,5 metro acima do normal, enquanto o Alasca teve um alerta ampliado ao longo da Península e do arquipélago das Aleutas. O Serviço Meteorológico dos EUA acompanha a situação em tempo real.
Na Polinésia Francesa, foi emitido um aviso para ondas que poderiam variar entre 1,10 e 2,20 metros. Mais de 1,9 milhão de pessoas no Japão foram orientadas a buscar locais elevados por precaução.
América Latina também em alerta
A onda de preocupação cruzou o Pacífico e chegou à América Latina. O Centro de Alerta de Tsunami dos EUA incluiu ao menos dez países da região entre os possíveis afetados. As previsões indicam que as ondas podem atingir:
- Equador: até 3 metros, com risco para as Ilhas Galápagos.
- Peru e Chile: entre 1 e 3 metros.
- Colômbia, Panamá, Nicarágua, El Salvador, Guatemala e México: até 1 metro.
No México, a Marinha recomendou que a população evite praias e suspenda atividades marítimas. O mesmo foi feito pelas autoridades da Guatemala, embora o risco tenha sido classificado como baixo.
Evacuações preventivas e monitoramento contínuo
Em diversos pontos do Chile e do Peru, sirenes de evacuação foram acionadas e a população costeira foi direcionada a áreas mais altas. Apesar dos alertas, até o momento não há registro de danos materiais ou vítimas nos países sul-americanos.
O histórico mais grave de terremoto, ainda assim, permanece com o Chile, que registrou um evento de magnitude 9,5 na região de Biobío em 1960 – o mais intenso já registrado no planeta.