Parece coisa antiga, mas ainda é comum ouvirmos que uma criança é malcriada. Os mais modernos preferem mal-educada. Outros ainda, adotam o termo comportamento desafiador. A verdade é: atire a primeira pedra quem nunca precisou lidar com momentos de “má-criação” dos filhos. Aquela atitude na qual a gente se pergunta “de onde veio isso?”.
Meu filho (aqui é a Patcamargo escrevendo) já lambeu o chão do supermercado por sentir ciúmes da irmã menor, quando eram bebês. Milha filha do meio (esta, que causou o ciúme no mais velho) gritava tanto para sair da piscina, que o síndico foi chamado pelos moradores, achando que ela estava sendo agredida. A mais nova, bom, esta deixou para ter estes arroubos depois de adolescente.

Parabéns se você é um privilegiado que não passou por isso. Seu filho é uma criança rara. Porque faz parte do desenvolvimento infantil (e pasmem, do adolescente) momentos em que as emoções e sentimentos são tão fortes que saem do controle.
No Tempojunto, conversamos com a organizadora da metodologia da Disciplina Positiva, a Dra. Jane Nelsen, e discutimos com ela como a brincadeira faz parte da disciplina. “As crianças fazem as coisas de uma forma melhor, quando se sentem melhores. E brincar as fazem se sentir melhor”.
Pois é. Nem fui eu quem disse, mas a gente sabia. Brincar com seus filhos ajuda, sim, nos momentos de crises do dia-a-dia.
Reconhecer para brincar e resolver
A primeira etapa para a gente conseguir lidar melhor com o mau comportamento dos filhos é saber que comportamento e temperamento são coisas diferentes. Há temperamentos mais brandos e outros mais fortes. Isso é nato da criança. Agora, o comportamento é uma habilidade que ajudamos nossos filhos a desenvolver.
E como a brincadeira cabe nisso tudo? Quando você brinca com seu filho, você consegue entender o que pode estar por trás do comportamento dele, da birra. Ao incentivar a brincadeira para seus filhos e participar destes momentos, você mostra a eles que os valorizam, que se importa.
Além disso, brincar é uma estratégia para tirar a criança do foco no momento que o comportamento desafiador acontece. Na prática, a brincadeira funcionará quando:
- Você elogiar e valorizar uma brincadeira do seu filho. Afinal, brincar é o que ele faz de melhor.
- Separar um tempo, por menor que seja, no seu dia a dia para brincar com seu filho, dando atenção a ele, naquilo que ele mais gosta de fazer.
- Aproveitar um jogo para trabalhar o ganhar e perder. Escolha um jogo de sorte, onde você terá uma chance legítima de perder para seu filho.
- Aproveitar a brincadeira para deixar seu filho liderar a situação. Deixe que ele decida as regras do brincar e siga-o.
- Apresentar tipos diferentes de brincadeira para seu filho, até encontrar uma que ele goste e desempenhe bem. Isso o fará ter mais autoestima.
- Quando estiver observando seu filho brincar, aponte habilidades que ele demonstra e que nem ele mesmo possa perceber.
Uma criança segura e que se sente valorizada (e não cobrada) naquilo que ela sabe fazer melhor (brincar) é muito mais propensa a controlar suas reações e deixar o mau comportamento.