A luta contra o Alzheimer ganhou uma nova esperança com um estudo onde diz que um exame de sangue é capaz de detectar o Alzheimer, e não apenas de diagnosticar a doença, mas também de medir a extensão da demência. A descoberta foi publicada recentemente na Nature Medicine, trazendo um grande avanço para a medicina. A técnica foi criada por pesquisadores das universidades de Washington, nos Estados Unidos, e de Lund, na Suécia, e pode transformar a maneira como os médicos lidam com o Alzheimer.

Como funciona o novo exame de sangue para Alzheimer?
O exame sanguíneo detecta uma proteína chamada MTBR-tau243, cujos níveis no sangue indicam a presença de emaranhados de tau no cérebro. Esses emaranhados são um dos principais responsáveis pelos danos causados pelo Alzheimer. A novidade desse teste é que ele não só confirma a presença da doença, mas também consegue determinar em que estágio da progressão o paciente se encontra. Isso é um grande avanço em relação aos exames tradicionais, que apenas diagnosticam o Alzheimer sem indicar sua gravidade.
O teste foi desenvolvido para oferecer um panorama mais completo do que o Alzheimer está fazendo com o cérebro da pessoa. Além disso, ele é mais acessível e menos invasivo do que os métodos tradicionais, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que, embora eficaz, é cara e de difícil acesso.
O impacto no tratamento do Alzheimer
Uma das maiores vantagens dessa descoberta é que o exame pode ajudar os médicos a escolher o tratamento mais adequado para cada paciente, de acordo com o estágio da doença. Isso ocorre porque, quanto mais cedo o Alzheimer é diagnosticado, mais eficazes são as terapias para reduzir o declínio cognitivo.
Com essa nova ferramenta, é possível identificar o Alzheimer nas suas fases iniciais, quando tratamentos como os anti-amiloides podem ser mais eficazes. Em estágios mais avançados, terapias direcionadas à proteína tau, como os testes para tau, se tornam mais relevantes. Essa personalização do tratamento é o que torna a medicina moderna ainda mais promissora para aqueles que sofrem com algumas doenças.
Estágios do Alzheimer
O Alzheimer tem uma evolução bem caracterizada, que passa por quatro estágios distintos, desde as primeiras alterações na memória até os momentos mais graves, quando a pessoa perde a capacidade de falar e caminhar. Com a precisão desse novo teste, médicos poderão entender com mais clareza em qual fase da doença o paciente se encontra e, assim, oferecer o tratamento mais indicado.
- Estágio 1 (Inicial): Nesse momento, a pessoa pode apresentar pequenas dificuldades de memória e desorientação espacial, mas ainda consegue realizar atividades cotidianas.
- Estágio 2 (Moderado): A dificuldade de falar e de realizar tarefas simples começa a aparecer, além de problemas como insônia e agitação.
- Estágio 3 (Grave): O Alzheimer provoca um grande comprometimento das habilidades motoras e cognitivas, e pode causar incontinência urinária e fecal.
- Estágio 4 (Terminal): No último estágio, a pessoa perde a capacidade de caminhar e falar, além de enfrentar dificuldades para engolir e estar mais vulnerável a infecções.
A precisão do teste
O estudo foi realizado com a participação de 108 voluntários nos Estados Unidos e 55 na Suécia. Os resultados mostraram que o exame identificou a presença da doença e a gravidade dos danos com uma precisão impressionante de 92%. Pacientes com declínio cognitivo leve apresentaram níveis elevados da proteína tau, enquanto aqueles com demência avançada tiveram concentrações até 200 vezes maiores do que indivíduos saudáveis.
Além de identificar o Alzheimer, o teste também consegue diferenciar a doença de outras formas de demência, como aquelas causadas por doenças vasculares ou pela degeneração frontotemporal. Isso é extremamente importante, pois elimina possíveis dúvidas diagnósticas e facilita o tratamento adequado para cada caso.

Alternativa acessível e prática
Atualmente, os exames mais precisos para detectar o Alzheimer são caros e difíceis de acessar. O exame de sangue, no entanto, é uma alternativa muito mais acessível e prática. Ele pode ser realizado de forma mais simples e rápida, sem a necessidade de procedimentos invasivos ou de tecnologias caras como a tomografia PET. Isso significa que muitas mais pessoas poderão ter acesso a um diagnóstico precoce e a um tratamento mais eficaz, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.