A relação entre obesidade e fertilidade tem sido cada vez mais estudada e os resultados mostram um impacto direto nas chances de uma gestação bem-sucedida. Um estudo publicado na revista BioMed Central em 2023 revelou que o excesso de peso pode comprometer os resultados de Fertilização In Vitro (FIV), reduzindo as taxas de sucesso do procedimento.
Segundo o Dr. Oscar Duarte Filho, diretor médico do FertGroup, a obesidade não apenas diminui as chances de gravidez nos tratamentos de reprodução assistida, mas também pode aumentar os riscos durante a gestação. “O excesso de gordura corporal influencia diretamente nos hormônios, impactando tanto a ovulação nas mulheres quanto a qualidade do sêmen nos homens”, explica o especialista. Por isso, controlar o peso antes de iniciar os tratamentos é uma estratégia importante para aumentar as chances de sucesso.
Como a obesidade afeta a fertilidade?
O peso interfere de diferentes formas na fertilidade de homens e mulheres. No caso delas, o excesso de gordura pode alterar os níveis hormonais e levar a ciclos menstruais irregulares, dificultando a ovulação. “A obesidade também está associada à Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), uma condição que pode dificultar ainda mais a concepção”, afirma Dr. Oscar Duarte.
Nos homens, o impacto também é significativo. O excesso de peso pode reduzir a produção de testosterona, afetando a qualidade do sêmen e comprometendo a contagem e a mobilidade dos espermatozoides. “Isso interfere diretamente na capacidade de fecundação, tanto em tentativas naturais quanto em procedimentos de reprodução assistida”, pontua o especialista.
Riscos da obesidade durante a gestação
Mesmo quando a gravidez acontece, a obesidade pode aumentar os riscos de complicações. Um estudo publicado na Oxford Academic em 2023 indicou que gestantes com obesidade têm maior propensão a desenvolver condições como hipertensão, partos prematuros e diabetes gestacional.
No Brasil, os dados do Ministério da Saúde mostram que os casos de diabetes gestacional aumentaram nos últimos anos. As internações ligadas a essa condição passaram de 27.594 em 2018 para 46.508 em 2022, evidenciando um problema crescente.

Como o controle do peso pode melhorar a fertilidade
Manter um peso saudável é uma das principais recomendações para quem deseja engravidar. Segundo o Dr. Oscar Duarte, “adotar uma alimentação equilibrada é essencial para melhorar a qualidade dos óvulos e espermatozoides, aumentando as chances de uma gravidez bem-sucedida”.
O especialista destaca que algumas mudanças na dieta podem fazer toda a diferença. “Reduzir o consumo de ultraprocessados e carboidratos refinados, como açúcar e farinha branca, é importante. Também é recomendado incluir mais frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas e gorduras saudáveis, como as presentes em peixes, abacate e castanhas”.
Além da alimentação, a prática de atividades físicas é outro ponto essencial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere entre 150 e 300 minutos de exercício moderado a intenso por semana para adultos. “Caminhada, ciclismo, natação e treinamento de força são algumas opções eficientes para melhorar a saúde metabólica e hormonal”, reforça Dr. Oscar Duarte.
Acompanhamento profissional faz diferença
Para muitos casais, apenas mudar a alimentação e praticar atividades físicas pode não ser suficiente. O acompanhamento profissional é essencial para avaliar as condições individuais e traçar uma estratégia personalizada. “Algumas vezes, será necessário um plano alimentar mais estruturado, o uso de medicamentos ou outras terapias específicas para auxiliar na perda de peso e melhorar as taxas de fertilidade”, conclui o especialista.
Se a ideia é aumentar as chances de uma gravidez saudável, adotar hábitos saudáveis e contar com apoio profissional são passos importantes nesse caminho.