Quando pensamos em queda de cabelo ou calvície, é comum associarmos o problema a pessoas mais velhas. Porém, o que muitos pais ainda não sabem é que crianças também podem sofrer com esse tipo de condição e, em alguns casos, de forma bastante intensa. A chamada alopecia infantil é um distúrbio que pode afetar emocionalmente e fisicamente a criança, tornando essencial que pais e responsáveis estejam atentos aos primeiros sinais.
O que é alopecia infantil?
A alopecia infantil é caracterizada pela perda significativa de cabelo em crianças, geralmente em áreas específicas do couro cabeludo. A forma mais comum desse distúrbio é a alopecia areata, que causa falhas em formato redondo ou oval, facilmente perceptíveis durante a escovação ou o banho.
Segundo a doutora Luciana Passoni, referência em ciências capilares e CEO da Passoni Clinic, o problema vai além da queda: o crescimento do fio de cabelo cessa e se soma à queda já existente. Com a progressão da alopecia, essas áreas podem aumentar e novas regiões afetadas podem surgir. Além disso, os fios que permanecem podem se tornar mais finos e frágeis, indicando que a saúde capilar está comprometida.
Por que a alopecia ocorre em crianças?
As causas da alopecia infantil são variadas. De acordo com a doutora Passoni, fatores genéticos, condições autoimunes, infecções fúngicas e, principalmente, questões emocionais, estão entre os motivos mais recorrentes.
Mesmo em idades precoces, o corpo da criança reage ao estresse e às emoções intensas. A médica explica: “As crianças também sentem os efeitos do estresse no corpo, mesmo sendo jovens, e esses sentimentos podem se somatizar na interrupção do crescimento capilar que tem como sintoma a aparição de falhas em formato circular no couro cabeludo”.
Mudanças na rotina, cobranças escolares, separação dos pais ou dificuldades de relacionamento são alguns dos gatilhos emocionais que podem contribuir para o surgimento da condição. A especialista ainda destaca o aumento expressivo nos casos nos últimos anos: “Depois da COVID-19, a quantidade de crianças que atendo em consultório semanalmente aumentou em 20 vezes”.

O que observar no cabelo da criança?
Identificar a alopecia infantil nos estágios iniciais é essencial para que o tratamento seja eficaz. Os principais sinais são:
- Queda de cabelo incomum ou repentina
- Áreas arredondadas ou ovais com ausência de fios
- Fios mais finos ou quebradiços
- Crescimento irregular do cabelo
Durante o banho ou na hora de pentear, observar o couro cabeludo com atenção pode ajudar a detectar o problema rapidamente. Caso note qualquer alteração, é importante buscar a orientação de um especialista.
A importância do diagnóstico precoce
Apesar de ser uma condição preocupante, a alopecia infantil tem um bom prognóstico quando tratada corretamente e desde o início. A abordagem ideal inclui cuidados médicos e apoio psicológico.
Doutora Luciana Passoni reforça a importância de um tratamento multidisciplinar: “Ambos vão trabalhar juntos para equilibrar as emoções, recuperar a autoestima da criança e também a volta do crescimento dos fios”. Isso mostra que não basta cuidar apenas do físico; o lado emocional da criança também precisa de atenção.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da alopecia infantil é planejado com muito cuidado, sempre levando em conta a idade da criança e a gravidade do caso. Em geral, são utilizados medicamentos tópicos, como corticoides aplicados diretamente nas áreas afetadas, que ajudam a reduzir a inflamação e estimular o crescimento dos fios. Em situações mais graves, o tratamento pode envolver medicamentos orais.
O acompanhamento psicológico é outro pilar importante, ajudando a criança a lidar com as mudanças em sua aparência e promovendo o fortalecimento da autoestima. O apoio dos pais e responsáveis durante todo o processo é essencial para garantir que a criança se sinta segura e confiante.
Muito além da aparência: impacto emocional da alopecia infantil
Perder cabelo na infância pode abalar seriamente a autoconfiança de uma criança. Conversar de forma aberta, escutar e acolher os sentimentos são atitudes fundamentais. O acompanhamento psicológico, como explica a especialista, visa tanto entender as causas emocionais quanto ajudar a criança a fortalecer sua autoestima e lidar com sua imagem pessoal.
Ter uma rede de apoio sólida é indispensável. Participar das consultas, seguir corretamente as orientações médicas e, acima de tudo, criar um ambiente acolhedor são atitudes que fazem toda a diferença. Essa presença constante oferece segurança e motivação para que a criança siga o tratamento com tranquilidade.
A alopecia infantil pode ser uma fase delicada na vida da criança e da família, mas também pode ser superada com o suporte certo. Com atenção aos sinais, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível recuperar não apenas os fios, mas também a confiança e o bem-estar da criança. O mais importante é não ignorar os sinais e buscar ajuda especializada o quanto antes.