Nos últimos meses, tenho vivido uma mistura de sentimentos que, às vezes, nem sei como organizar. Aos 44 anos, já sou mãe e, de certa forma, sentia que minha família estava completa. Mas agora, ao me deparar com a menopausa precoce, um turbilhão de pensamentos tem tomado conta de mim. O diagnóstico veio sem cerimônia, mas eu já sentia que algo estava diferente. As ondas de calor, a insônia e as mudanças de humor chegaram, e os exames confirmaram o que eu já percebia: a menopausa não era um futuro distante, era o meu agora.
Além dos sintomas físicos, a menopausa é um marco na vida da mulher. O fim de um ciclo, o fechamento de uma porta que agora não posso mais atravessar. Sinto como se meu corpo tivesse decidido por mim. “Acabou! É isso. Fim.” É como se uma parte da minha identidade feminina tivesse sido arrancada antes que eu estivesse pronta para deixá-la ir. No Brasil, as mulheres chegam nesse capítulo perto dos cinquenta anos. Eu ainda me sinto uma menina, com tantas coisas para realizar. Talvez por isso seja difícil aceitar a chegada dessa minha nova versão. Ainda estou descobrindo o que isso significa. Meu corpo não é mais fértil, mas a minha mente é. E isso significa um universo de possibilidades, eu sei.
Mas e se eu quisesse ter mais um filho? Agora não tenho mais escolha. Não que isso fosse uma vontade concreta, mas, de repente, a possibilidade foi descartada antes mesmo que eu pudesse pensar direito sobre ela. Sempre soube que a fertilidade tem prazo de validade, mas, no fundo, havia uma ilusão de que ainda tinha tempo. Agora esse tempo se esgotou. A menopausa encerra a fertilidade natural. Eu sei que a medicina reprodutiva avançou muito, e sei que há casos de gravidez na menopausa com tratamentos como a doação de óvulos. Mas existe a questão da maternidade tardia.

Eu já passei pela experiência de ter um filho e sei o quanto a dedicação é intensa. Será que eu estaria disposta a recomeçar tudo do zero? A energia que tenho hoje não é a mesma de anos atrás, e minha vida profissional retomou seu ritmo. Estou num momento de luto por essa parte de mim, mas sei que devo aceitar esse novo capítulo da minha vida. O que percebo é que a maternidade não é apenas biológica. Ela é um chamado, um desejo de acolher, de cuidar, de construir vínculos. Talvez esse desejo possa ser vivido de outras formas. Seja me dedicando ainda mais ao meu filho, seja através dos meus projetos que envolvem as crianças, ou, quem sabe, até pela adoção.
O que aprendi até aqui é que a vida tem seus próprios ciclos, e cada um deles traz desafios e possibilidades. A menopausa pode ter fechado uma porta, mas talvez tenha aberto outras que eu ainda nem enxerguei. Por enquanto, sigo acolhendo minhas dúvidas, respeitando meu tempo e lembrando que ser mãe vai muito além de gerar um filho. É uma experiência que transcende o biológico e que pode se manifestar de diversas maneiras. Seja qual for o caminho, quero que ele seja trilhado com amor, consciência e paz.