Após o trágico acidente com um voo da Air India, ocorrido em 12 de junho, surgiram relatos alarmantes de que parentes das vítimas receberam restos mortais de outras pessoas. O caso veio à tona no Reino Unido após a legista Fiona Wilcox detectar inconsistências durante os testes de DNA feitos com materiais fornecidos por familiares das vítimas. Em um dos casos, o sepultamento precisou ser interrompido ao se descobrir que o corpo presente no caixão não pertencia ao parente enlutado.
Além disso, uma das urnas devolvidas à Inglaterra continha partes de mais de uma vítima, fato que apenas intensificou o sofrimento das famílias envolvidas. Embora muitos dos falecidos tenham sido cremados ainda na Índia, ao menos 12 corpos foram enviados de volta ao solo britânico. Dois desses casos foram oficialmente confirmados como identificações equivocadas.

Famílias britânicas ainda esperam por justiça
Segundo James Healy-Pratt, advogado especializado em acidentes aéreos, uma das famílias conseguiu identificar corretamente os restos mortais após novo processo de análise e, assim, pôde realizar o funeral. Já outra família, até o momento da última apuração, ainda aguarda a repatriação correta do ente perdido.
“Eles ainda não sabem quem foi enterrado em nome de seu familiar. E, se o corpo enviado não era da pessoa certa, alguém mais também recebeu os restos errados”, declarou Healy-Pratt ao jornal Daily Mail. A preocupação se estende a outros familiares, já que há suspeitas de que os erros possam ter ocorrido em mais casos não revelados publicamente.
Acidente matou mais de 260 pessoas
O acidente aconteceu pouco após a decolagem do voo AI171, que partiu de Ahmedabad com destino ao aeroporto de Gatwick, em Londres. A aeronave, um Boeing 787 Dreamliner, sofreu perda de potência nos motores logo após subir, caindo rapidamente e resultando na morte de 241 ocupantes. Outras 38 pessoas, que estavam em solo, também morreram no impacto.
As operações de busca e resgate foram realizadas por forças de segurança e emergência da cidade de Ahmedabad. Os corpos foram encaminhados para o Hospital Civil local, onde os processos de identificação tiveram início. Em muitos casos, o reconhecimento precisou ser feito através de exames odontológicos, especialmente nos corpos que foram encontrados em estado avançado de carbonização.
No fim de junho, autoridades indianas anunciaram que todas as vítimas haviam sido identificadas. Contudo, os recentes erros na repatriação dos corpos colocaram essa declaração em xeque.
Uma apuração colaborativa entre os dois países foi iniciada para esclarecer os equívocos na identificação dos corpos. Espera-se que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, discuta o tema com o premier indiano Narendra Modi durante a visita oficial desta semana ao Reino Unido.

Causa do acidente ainda é investigada
Um relatório preliminar divulgado em 11 de julho traz detalhes técnicos sobre o ocorrido. Segundo o documento, os comandos de combustível dos motores foram colocados na posição de corte pouco antes do impacto — o que contribuiu diretamente para a perda de altitude. No áudio recuperado da cabine, um dos pilotos questiona o colega: “Por que você cortou o combustível?”, e recebe como resposta: “Eu não cortei”.
Ainda de acordo com o relatório, os motores pareciam recuperar potência quando um dos pilotos transmitiu a mensagem de emergência: “MAYDAY MAYDAY MAYDAY”. O controle aéreo ainda tentou contato, mas logo após presenciou o avião se chocar com o solo.
As autoridades destacaram que, por ora, não há recomendações técnicas para fabricantes ou operadores, indicando que não foram identificadas falhas mecânicas nos motores GE GEnx-1B nem na estrutura do Boeing 787-8. A investigação segue em curso, sem culpados definidos até o momento.







