Desde muito jovem, Junior Lima esteve sob os olhos do público. Crescendo na mídia, ao lado da irmã Sandy, o cantor enfrentou críticas e especulações constantes sobre sua vida pessoal, especialmente durante sua adolescência. Em uma participação recente no programa “Saia Justa”, exibido na noite de quarta-feira (6/8), Junior falou abertamente sobre os desafios emocionais que enfrentou por conta dos rumores envolvendo sua sexualidade.
A pressão dos anos 90 e o impacto do preconceito
Durante a entrevista, Junior relembrou que cresceu em uma época marcada por fortes estigmas. Os comentários e insinuações sobre sua orientação sexual começaram a surgir ainda na adolescência, num tempo em que ser sensível ou expressar emoções era visto como “diferente” para um homem.

“Existiram muitos boatos em relação à minha sexualidade na minha adolescência. E isso, para mim, gerou uma série de coisas que, na época, eu não entendia, mas gerou uma insegurança absurda”, relatou o músico.
Essa insegurança, segundo ele, foi alimentada pela mentalidade conservadora da época. Apesar de nunca ter se incomodado com o conteúdo dos boatos, Junior destacou como o julgamento externo contribuiu para que ele desenvolvesse dúvidas internas e se sentisse constantemente fora do padrão esperado.
Uma criação cercada por sensibilidade
Junior também comentou como o ambiente em que foi criado influenciou sua forma de ser. Vivendo cercado por figuras femininas, como sua mãe e sua irmã, ele se conectou com o universo da arte desde cedo, o que o tornou uma pessoa sensível e expressiva.
“Sempre fui um homem que viveu na arte, que viveu dançando, na música, compondo… É um ambiente extremamente feminino”, destacou.
Essa sensibilidade, que hoje ele valoriza, era frequentemente mal compreendida na época. Com atitudes empáticas e uma postura gentil, Junior acabou sendo alvo de críticas e mal-entendidos.
Anos de análise para manter a essência
Embora não tenha desenvolvido preconceitos internos, o cantor compartilhou que precisou encarar um longo processo terapêutico para lidar com as consequências emocionais deixadas por anos de comentários negativos. Foram duas décadas de sessões de análise que o ajudaram a manter sua autenticidade.
“Imagina! 20 anos de análise e eu tive que peitar muita coisa e ser muito corajoso para continuar sendo quem eu simplesmente era”, revelou.
Ele ressaltou que esse processo foi essencial para não negar sua sensibilidade e seguir fiel à sua essência artística e pessoal, mesmo quando isso significava enfrentar olhares tortos ou julgamentos injustos.
O preconceito ainda existe
Mesmo após tantos anos de carreira, Junior conta que ainda enfrenta olhares carregados de estereótipos. Sua forma de se expressar artisticamente, incluindo a dança e a preocupação com o outro, ainda é vista com desconfiança por alguns.
“Tem gente que tem preconceito comigo até hoje”, lamentou.