Após a mãe tomar vacina contra o novo coronavírus na 34ª semana de gestação, a Secretária de Saúde de Tubarão, no Sul de Santa Catarina, informou que o bebê nasceu com anticorpos contra a doença. Talita Mengali Izidoro, é médica, trabalha em um posto de saúde da cidade.
“Ficamos felizes e emocionados e que sirva de incentivo à outras gestantes. É uma dose de esperança a todos”, disse a mãe do recém-nascido. Enrico nasceu no dia 9 de abril, dois dias depois foi feito teste que comprovou que o bebê tinha anticorpos, sendo avaliado por diferentes médicos, incluindo o secretário municipal de saúde da cidade, o obstetra que acompanhou a criança, além da mãe de Enrico e dos profissionais do laboratório que fez o exame.
Segundo o que a Dra. Vanessa Mouawad, pediatra neonatologista da Maternidade Pro Matre, Hospital Albert Einstein e Hospital São Luiz, mãe do Felipe, Isabela e Liz, acredita, cada vez surgiram mais casos como esse, de bebês que receberam os anticorpos pela placenta da mãe, que tenha se vacinado. “Ainda não temos muitos relatos, pois a vacinação estava restrita para esse grupo, mas conforme o tempo vai passando, mais gestantes estão sendo imunizadas, porém, faltam muitos trabalhos para comprovar a eficácia e deixar todos nós tranquilos, como por exemplo, as vacinas da gripe, tétano e entre outras que são feitas e comprovadas que a imunização da grávida ajuda na passagem de anticorpos pela placenta para os bebês”, explica em entrevista à Pais&Filhos.
Esse tipo de imunização é chamado de imunização passiva, que acontece com a passagem dos anticorpos maternos pela placenta. “Os anticorpos podem sumir ao longo dos meses, mas as informações ainda não escassas no caso da COVID-19. Se levarmos em consideração as outras vacinas que temos experiência, como a da gripe e difteria, que possuem eficácia comprovada quando se trata de imunização indireta, os trabalhos mostram que essa imunização indireta reduz, tanto que os bebês são vacinados contra essas doenças. (A vacina da gripe o bebê é vacinado aos 6 meses e a difteria começa aos 2 ou 3 meses), conta a especialista.
O resultado, no caso do bebê de Talita Mengali, mostrou 22% de anticorpos na amostra analisada. Segundo o Secretário de Saúde da cidade, o médico Daisson José Trevisol, esse é o primeiro caso documentado da região. “É o primeiro caso de Tubarão sem dúvida nenhuma e na região também. Provavelmente seja o primeiro caso em Santa Catarina”, reforçou Trevisol.
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“Os testes são feitos com o sangue do bebê, retirado para uma pulsão simples e existem dois tipos de testes: um que detecta os anticorpos neutralizantes e o outro que é pela sorologia, que pesquisa os anticorpos IGM e IGG totais. Esse teste de anticorpos neutralizantes, ele pesquisa se o corpo do bebê possui anticorpos capazes de impedir a entrada do novo coronavírus. São anticorpos que evitam a replicação viral e os testes sorológicos eles vão dosar a quantidade de anticorpos contra a covid-19, contra o vírus inteiro e não apenas um pedaço. O IGM geralmente é uma resposta precoce, é o primeiro a ser produzido e o IGG é uma resposta tardia. Uma diferença importante é que a sorologia detecta a presença de anticorpo contra o vírus, mas não verifica a capacidade neutralização do vírus, não quer dizer que ele está totalmente protegido”, conta a pediatra sobre o procedimento.
A Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) foi comunicada sobre o caso e disse ao G1 que vai aguardar um relatório para acompanhamento. “Informamos que ainda não há protocolos estabelecidos pelo Ministério de Saúde (MS) para indicação e avaliação laboratorial de recém-nascidos de mães imunizadas contra a COVID-19″, disse a Dive em nota.
Enrico será acompanhado e passará por novos exames com 3 e 6 meses de vida para avaliar se ele segue com a presença dos anticorpos no sangue da criança. Isso porque a duração da proteção do anticorpo em um bebê ainda é desconhecida. “Com o aleitamento espera-se que aumente ainda mais os níveis [de anticorpos]. É isso que vamos verificar posteriormente”, conclui o secretário de saúde.
A Dra. Vanessa ainda diz que o bebê ainda precisa ser vacinado, mas que o estudo da imunização dessa faixa etária ainda está começando. “Com esse bebê foi feita a pesquisa de anticorpos neutralizantes, e o resultado deu positivo de que ele possui uma proteção”, diz a neonatologista.
Contaminação dos bebês por covid-19 pela placenta
A contaminação de covid-19 em bebês, pela placenta durante a gestação está cada vez mais rara e a maior causa de contaminação acontece pelos pais, principalmente da mãe durante a amamentação. “Por isso, se a mãe estiver com coronavírus, a nossa orientação é para continuar amamentando, porém, abusar do álcool em gel, usar máscara o tempo todo. A contaminação através do leite materno não foi comprovada”, aconselha a Dra. Vanessa.
“Os bebês devido a imaturidade do sistema imunológico tem a doença mais branda, a grande maioria dos recém-nascidos são internados mais para observação e investigação. Pode acontecer de surgir casos mais graves, mas não é a maioria”, conclui a especialista.