Durante o desenvolvimento e crescimento do bebê, surge um mix de ansiedade e preocupação sobre as primeiras palavras. “Será que o meu bebê vai demorar a falar?”, “Estou estimulando do jeito certo?”, ou “Meu filho está com fala atrasada”, são algumas das milhares de dúvidas sobre esta fase.
De acordo com a fonoaudióloga Juliana Trentini, autora do o Canal Fala Fono, do livro “Aprendendo a Falar” e do curso Fala Bebê, é comum a preocupação dos pais sobre o desenvolvimento da linguagem do bebê, que é fundamental para a comunicação. Com dicas de ouro, ela conta como você pode ajudar o seu filho durante este período tão importante e especial.
Fale com o bebê
Mesmo antes do bebê começar a falar, você pode estimular o desenvolvimento conversando com ele. Apesar de parecer óbvio, algumas famílias se sentem inseguras ou tímidas por a criança não corresponder. “Mas antes do bebê ser capaz de falar, ele precisa construir muito conhecimento de linguagem, o que ele aprende justamente quando os outros interagem com ele”, explica.
Fale sempre de frente para o bebê
Além de estar desenvolvendo a fala, o bebê também aprende ouvindo e enxergando. Conversando de frente com ele, o cérebro interpreta as informações, que são construídas e interpretadas com o tempo. “Então, quando a gente fala de frente pro bebê, a uma distância comparada à da amamentação – cerca de 30 cm -, é o ideal pra ele ouvir, ver e processar essas informações”.
Mantenha, sempre que possível, o bebê na vertical
Quando o bebê é carregado na posição vertical, o campo de visão permite que ele capte informações importantes para o desenvolvimento. Além disso, o posicionamento da boca e da língua favorecem o balbucio. Por isso, sempre que possível, mantenha seu filho nessa posição para estimular a fala dele e ajudá-lo a se desenvolver.
Texturas lisas na introdução alimentar
Quando a introdução alimentar começa, por volta dos seis meses, evite alimentos batidos ou líquidos demais. “É importante começar com alimentos amassados ou em pedaços macios. Isso favorece uma gama de padrões novos, de movimentação da língua e mandíbula, pro bebê que antes só mamava. Isso também favorece o balbucio”.
Dê sentido à linguagem
Por volta dos seis e nove meses, o bebê começa a fazer o balbucio consoante/vogal/consoante/vogal como, por exemplo, mama, papa, dada. Portanto, é superimportante que a família traga sentido às palavras, pois o bebê acaba agindo por reflexo. “Por exemplo, a criança ‘mama, mama’, e a mãe responde ‘Ah, mamãe, mamãe tá aqui’”, comenta Juliana Trentini.
Interprete o que ele quer comunicar
Os bebês tentam se comunicar de diferentes maneiras, seja pelos choros, ou até mesmo a linguagem corporal. “É importante posicionar o bebê como comunicador, para que ele compreenda que pode ser interpretado e compreendido. Isso projeta o bebê na linguagem, o introduz nesse novo universo”.
Ensinamentos no tempo certo
Quando o bebê está aprendendo a falar, é importante que os pais tragam palavras que façam parte do poder de comunicação. Em um primeiro momento, números, cores e letras podem ser conceitos muito abstratos, funcionando apenas como “decoreba”. “Precisamos ensinar palavras que tragam poder de comunicação como “mamãe”, “papai”, “bola”, “dá”, “não”, “sim”, “tchau”, “beijo”. Palavras que ele pode usar para se comunicar com o outro, sem prestigiar a decoreba”.
Se esforce para entender o que o bebê quer dizer
Mesmo que as palavras do bebê não tenham uma precisão fonoarticulatória, é essencial que a família valide-as e valorize-as. “Água” pode ser “abua” ou “ada”, “mamãe” pode ser “mama” etc. A gente deve considerar como palavras. Nessa fase de aquisição da linguagem e desenvolvimento da fala, o que conta como balança no vocabulário do bebê é uma produção oral estável com sentido fixo. O importante é usar aquele som com sentido permanente para o que ele quer comunicar”.
Fuja das telas para ensinar
Diversos estudos associam o atraso da fala ao tempo que o bebê é exposto às telas. Por isso, até os dois anos de idade, não existem garantias de que elas não sejam prejudiciais para a criança. “Para depois dessa idade, se usar, faça um uso bem controlado. “A tela está para a linguagem assim como a bala está para a nutrição, distrai, mas não alimenta”. Eu assino esta frase com muita tranquilidade. Muitos estudos robustos estão sendo iniciados no tema e os resultados trarão muita luz para a causa nas próximas duas décadas. Não, as telas NÃO estimulam a linguagem do bebê!”.
Xô, pressão!
Quando a criança está em fase de desenvolvimento, os pais não devem pressioná-la para que ela fale. Durante o processo, a especialista orienta estimular. “Não é para corrigir mostrando o jeito correto de falar o tempo todo, mas sim, acolher e motivar, interpretando o máximo possível. Digo sempre: quanto mais a gente se esforça para entender o que o bebê está tentando comunicar, seja com palavras, com vocalizações ou linguagem corporal, mais ele se esforça para se comunicar melhor”.
Brinque
As brincadeiras trazem diversos benefícios para o bebê, principalmente para o desenvolvimento da fala. Vale lembrar que este tipo de brincar precisa envolver também os bons sentimentos e não só os mecânicos. “Isso torna esse aprendizado privilegiado na hora de formar novas conexões neurais, fixando na memória, como aprendizado de maior relevância e proporcionando um maior engajamento do bebê. O mais importante é que a mentalidade do adulto deve ser de brincar para se conectar com o bebê e não para arrancar palavras de sua boquinha”, conclui.