**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
Vote na Pais&Filhos para o Troféu Mulher Imprensa!
Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos, está concorrendo ao prêmio da categoria Pertencimento e Inovação da 16ª edição do Troféu Mulher Imprensa! Para votar, é muito simples: CLIQUE AQUI e aperte o botão ao lado da foto da Andressa para que ele fique azul. Em seguida, preencha o campo com seus dados e vá até seu email: será preciso confirmar o seu voto clicando em um link. Depois disso, sucesso! Seu voto já foi contabilizado. Obrigada!
Obrigada por criar um filho que mergulhava de cabeça nas consultas pediátricas extensas de onde eu saía doutrinada, pela mãe insegura que um dia fui, e que sabia ver nos detalhes da rotina o ouro da tranquilidade que nossa primeira filha foi criada, e principalmente o quanto isso foi importante para reparação da minha história de infância caótica.
Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.
Assista ao POD&tudo com Talu Adjuto
**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
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Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.
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**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
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Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos, está concorrendo ao prêmio da categoria Pertencimento e Inovação da 16ª edição do Troféu Mulher Imprensa! Para votar, é muito simples: CLIQUE AQUI e aperte o botão ao lado da foto da Andressa para que ele fique azul. Em seguida, preencha o campo com seus dados e vá até seu email: será preciso confirmar o seu voto clicando em um link. Depois disso, sucesso! Seu voto já foi contabilizado. Obrigada!
Obrigada por criar um filho que mergulhava de cabeça nas consultas pediátricas extensas de onde eu saía doutrinada, pela mãe insegura que um dia fui, e que sabia ver nos detalhes da rotina o ouro da tranquilidade que nossa primeira filha foi criada, e principalmente o quanto isso foi importante para reparação da minha história de infância caótica.
Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.
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**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
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Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
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Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
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Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.
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**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
Vote na Pais&Filhos para o Troféu Mulher Imprensa!
Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos, está concorrendo ao prêmio da categoria Pertencimento e Inovação da 16ª edição do Troféu Mulher Imprensa! Para votar, é muito simples: CLIQUE AQUI e aperte o botão ao lado da foto da Andressa para que ele fique azul. Em seguida, preencha o campo com seus dados e vá até seu email: será preciso confirmar o seu voto clicando em um link. Depois disso, sucesso! Seu voto já foi contabilizado. Obrigada!
Obrigada por criar um filho que mergulhava de cabeça nas consultas pediátricas extensas de onde eu saía doutrinada, pela mãe insegura que um dia fui, e que sabia ver nos detalhes da rotina o ouro da tranquilidade que nossa primeira filha foi criada, e principalmente o quanto isso foi importante para reparação da minha história de infância caótica.
Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.
Assista ao POD&tudo com Talu Adjuto
**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
Vote na Pais&Filhos para o Troféu Mulher Imprensa!
Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos, está concorrendo ao prêmio da categoria Pertencimento e Inovação da 16ª edição do Troféu Mulher Imprensa! Para votar, é muito simples: CLIQUE AQUI e aperte o botão ao lado da foto da Andressa para que ele fique azul. Em seguida, preencha o campo com seus dados e vá até seu email: será preciso confirmar o seu voto clicando em um link. Depois disso, sucesso! Seu voto já foi contabilizado. Obrigada!
Obrigada por criar um filho que mergulhava de cabeça nas consultas pediátricas extensas de onde eu saía doutrinada, pela mãe insegura que um dia fui, e que sabia ver nos detalhes da rotina o ouro da tranquilidade que nossa primeira filha foi criada, e principalmente o quanto isso foi importante para reparação da minha história de infância caótica.
Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.
Assista ao POD&tudo com Talu Adjuto
**Texto por Rebecca Versolato, designer, empresária, psicanalista e mãe de Maria e João. Já desenvolveu vários projetos psicanalíticos sobre novos formatos de família. Hoje, mora em Singapura com a família
Sempre digo a partir da minha ótica psicanalítica, que somos nós, mulheres, que desejamos homens mais sensíveis, empáticos, sensatos e presentes nos assuntos familiares, que somos nós, as mesmas mulheres, que criamos nossos pequenos meninos para serem fortes, para não chorarem por tapas de parquinho, para expressarem seus momentos de vulnerabilidade infantil simplesmente porque são eles meninos. Há muita contradição nestes dois pontos. Muitas vezes somos nós mulheres que ensinamos nossos meninos a não brincar de bonecas, simplesmente por levá-los diretamente para a sessão de carrinhos na loja de brinquedos e também seremos nós mulheres, as esposas que criticarão estes homens quando se tornarem maridos, por não saberem dar o primeiro banho nos seus bebês, ou não saberão entender o choro das meninas sensíveis que serão suas filhas adolescentes.
Dona Iracema, minha já falecida sogrinha, sem muita reflexão sobre o patriarcado, em tempos onde até a palavra patriarcado seria novidade, conseguiu de fato, criar seus filhos – ou pelo menos aquele que eu mais conheço, meu marido – de uma forma já reparadora das sequelas patriarcais. Então aqui vai, Dona Iracema, de onde você estiver lendo isso agora, minha gratidão à sua forma tão genuína de maternidade. Eu vou te dizer algo que eu nunca antes disse: eu realmente tive sorte em ter você como minha sogra e tive sorte pela maneira como você criou seu filho.
Quando nossas vidas colidiram, ele já era pai, super realizado na carreira mas sobretudo um cara leve, e muito dedicado a família, e principalmente a você. Dizem que você pode conhecer como um homem será com os filhos, pela forma como ele trata a mãe; e eu sempre soube que por mais rara que seja a expressão verbal de amor na sua família, para o seu filho, suas ações sempre disseram muito mais. Obrigado por criar um filho que vive e ama com o coração aberto, mesmo que seja um coração discreto e tímido. Sua fácil aceitação de todos que estão ao seu redor, me ajudou a crescer muito e entendo isso como sua grande forma de amor que foi passada para ele.
Obrigada por criar um filho que reagiu à notícia de uma gravidez surpresa com força e graça, e que nunca titubeou em questionar se daríamos conta, que me contou com lágrimas nos os olhos azuis, que estávamos grávidos, pois, sim, foi ele que leu o resultado no nosso teste caseiro de gravidez. O tipo de homem que me mostrou sua força inabalável nos momentos em que mais precisei na insegurança que toda mulher passa quando no auge da profissão percebe o quanto a maternidade afeta a carreira feminina. Um cara que, quando decidi mudar de carreira após anos estudando paralelamente ao trabalho, bancou assumir o que eu contribuía, até que eu voltasse a contribuir hoje igualmente ou até mais do que eu fazia antes.
A questão do impacto da maternidade na carreira da mulher é algo tão incompreendido pela grande maioria dos homens que te agradeço por tê-lo ensinado, pelo teu esforço nas costuras para fora enquanto eles dormiam, na sua tripla ou quarta jornada, que nós, mulheres, merecemos ter nosso lugar de reconhecimento também. Aqui na Ásia, onde moro e crio meus filhos, é tão comum as mulheres interromperem as carreiras pela maternidade, que gasto muitas horas com minhas pacientes mães na clínica, trabalhando a culpa velada por não serem suficientemente boas como mães ou como profissionais, resultado de políticas ainda não bem estabelecidas na emancipação da mulher.
Vote na Pais&Filhos para o Troféu Mulher Imprensa!
Andressa Simonini, editora-executiva da Pais&Filhos, está concorrendo ao prêmio da categoria Pertencimento e Inovação da 16ª edição do Troféu Mulher Imprensa! Para votar, é muito simples: CLIQUE AQUI e aperte o botão ao lado da foto da Andressa para que ele fique azul. Em seguida, preencha o campo com seus dados e vá até seu email: será preciso confirmar o seu voto clicando em um link. Depois disso, sucesso! Seu voto já foi contabilizado. Obrigada!
Obrigada por criar um filho que mergulhava de cabeça nas consultas pediátricas extensas de onde eu saía doutrinada, pela mãe insegura que um dia fui, e que sabia ver nos detalhes da rotina o ouro da tranquilidade que nossa primeira filha foi criada, e principalmente o quanto isso foi importante para reparação da minha história de infância caótica.
Obrigada por criar um homem que ficou ao meu lado no trabalho de parto dos nossos dois filhos, e que, quando mesmo assustado com uma cesárea de emergência, não transpareceu para mim sua preocupação. É tão normal eu ouvir em clínica frases como “ele é um bom pai, me ajuda olhando o bebê quando eu preciso tomar banho, ou cozinhar”, que eu vejo seu bom trabalho quando vejo seu filho querer ser o responsável de alguns assuntos que dividimos. Sim, eu também enquanto mãe, precisei aprender a deixar faltar, a dar espaço, mas é dele, a capacidade de ocupar esse lugar e se sentir bem ao ser o responsável por cortar as unhas dos pequenos aqui em casa, por exemplo.
Obrigada por criar o tipo de homem que entrava dentro do berço e dormia com um bebê de meses, encolhido feito um travesseiro. Lembro-me dos tufos de algodão nas suas narinas para lidar com os piores aromas dos cocôs vazados, com sorriso e piadice. Obrigado por criar um filho cuja vocação é claramente a paternidade. Sempre serei grata pela forma como seu amor e dedicação moldou o DNA do seu filho. O cara silencioso, discreto, e generoso de forma abundante, que até tem dificuldade em limitar suas formas de amor, sempre criativo na forma de expressá-las.
Dona Iracema, espero que você esteja realizada em fazer um bom trabalho como mãe. Prometo sempre apoiá-lo na sua paternidade do jeito que ele me apoia como mãe. Acredito nisso como melhor forma de se criar filhos, independente se com pais casados ou separados. O amor conjugal é uma construção constante, mas deve ser independente sempre da relação parental daqueles que criam seus pequenos. Se as duas coisas coincidirem, lindo, senão que sempre cuidemos para divisões e participações justas na criação dos nossos filhos.
Prometo ser sempre a parceira dele na empreitada infinita de construir diariamente esse pai, pois foi você que construiu nele as bases tão sólidas e ricas. Espero também que, como mãe de um menino que sou, ter a mesma capacidade de traduzir isso para o pai que este um dia se torne, e acho que é nossa única obrigação enquanto mães e mulheres conseguir criar futuros pais excepcionais que saibam que ser pai vai além de pagar contas ou “ajudar” pontuais nos plantões noturnos. Feliz Dia dos Pais, a todos os pais, e a todas as mães, que criam hoje, futuros pais que farão diferença no mundo.