Ao longo de tantos anos produzindo conteúdo sobre paternidade e filhos, há um tipo de pergunta que aparece frequentemente nas minhas caixas de mensagens: “Como eu posso fazer o pai do meu filho ser mais presente?”. Por mais que eu já tenha ouvido essa pergunta (e variações dela) algumas centenas de vezes, não existe uma vez que eu não fique abalado.
Isso só evidencia como a nossa sociedade machista joga nos ombros – já sobrecarregados – da mãe tantas responsabilidades quando o assunto é criar filhos. Não apenas as ações de cuidado direto dos filhos, mas também tudo o que diz respeito a se informar sobre as diversas práticas de cuidado infantil. E, nesse processo, surge outra cobrança: a de sensibilizar o pai para que ele perceba a importância de exercer sua função de cuidador.
Elas são cobradas a criar estratégias mirabolantes para que os pais de seus filhos sejam… pais. É como se, além de tudo, a mãe ainda precisasse pavimentar uma estrada perfeitamente nivelada e jogar algumas pétalas de rosa, tudo para que o pai possa, então, praticar plenamente a sua paternidade. E sabe o que é pior? Mesmo que isso fosse possível, ainda não seria o suficiente, porque essa porta só abre por dentro.
O pai precisa entender essa importância e chamar para si a responsabilidade dos cuidados dos seus filhos. Também não dá para pedir paciência, calma, ou explicações extremamente didáticas da mãe porque, afinal, dificilmente alguém tem paciência, calma ou didática para lidar com mães. Muito pelo contrário: o que a sociedade oferece para elas é, basicamente, sobrecarga e culpa.
Então você, caro leitor, pai, saiba que nós precisamos correr muito atrás do prejuízo. Precisamos buscar informação, conscientes da nossa responsabilidade enquanto pais. E sabe o que mais devemos fazer? Cobrar que os nossos amigos, também pais, sejam presentes e ativos na criação dos nossos filhos. Cabe a nós fazer essa cobrança nos grupos de WhatsApp, cutucar aquele amigo que pode ser o cara mais gente fina do mundo, mas que nunca está cuidando dos filhos. Cabe a nós indicar vídeos, filmes e documentários que vão sensibilizar, incomodar e provocar reflexões nesses pais.
Chame esse pai para conversar, mostre a ele o que ele está perdendo por não ser um pai por completo. Mostre o que seu filho está perdendo quando ele simplesmente escolhe não criar. É nosso dever, enquanto homens na luta contra o machismo, provocar esses momentos incômodos. Esse é um problema nosso para resolver. Afinal, a broderagem também é extremamente nociva para a prática ativa da paternidade.