Levanta a mão quem já comprou algo para o filho só para aliviar aquele peso na consciência. A culpa parental nos gastos com os filhos é mais comum do que parece, e a ciência pode confirmar isso. Um novo estudo da Ameriprise Financial revelou que 52% dos pais admitem gastar além da conta por culpa. E acredite: tem muito mais por trás desse comportamento do que simples impulso.
A culpa bate, e o cartão passa
Não é raro ver pais tentando compensar a falta de tempo ou presença com brinquedos, guloseimas, passeios ou experiências caríssimas. De acordo com o levantamento, quase metade dos entrevistados já estourou o orçamento por causa disso. E um terço dos pais confessou ter extrapolado o valor planejado para alguma compra ou atividade. Em meio a tantas prioridades financeiras — como aposentadoria, educação dos filhos e contas do dia a dia — é fácil se perder.
Entre os principais objetivos citados pelos pais, estão:
- 59% querem garantir uma boa aposentadoria;
- 39% priorizam pagar pela educação dos filhos;
- 36% estão focados em manter as contas do mês em dia;
- 91% sonham em realizar desejos da “lista da família”;
- 60% têm medo de que esses compromissos comprometam os planos de longo prazo.
Ou seja, não falta responsabilidade. Mas a culpa, aquela velha conhecida de quem é mãe ou pai, pode bagunçar tudo.
O lado emocional que pesa no bolso
O estudo mostrou que, muitas vezes, o gasto exagerado vem de um lugar muito bonito: o desejo de oferecer o melhor possível para os filhos. Mas quando essa vontade vira pressão para ser o “pai ou mãe perfeito”, o efeito pode ser o oposto. Sem clareza nos objetivos financeiros, qualquer decisão vira motivo de dúvida: “Será que eu deveria ter comprado isso?” ou “Será que estou sacrificando algo maior?”.
Esse sentimento pode levar a decisões pouco estratégicas, como gastar agora com um brinquedo caríssimo, mesmo estando apertado para pagar uma conta importante ou sem conseguir guardar dinheiro para a faculdade.
O poder de um orçamento claro (e consciente)
A boa notícia é que dá para aliviar a culpa sem abrir mão do equilíbrio. Tudo começa com planejamento. Criar um orçamento claro, com metas de curto e longo prazo, é essencial. Isso não significa cortar todos os prazeres, mas sim fazer escolhas com intenção. Dá até para incluir uma parte do orçamento dedicada a “gastos conscientes com os filhos”, como aquele passeio de fim de semana ou um presente especial.
Conforme você entende para onde seu dinheiro está indo e o porquê de cada gasto, a sensação de culpa diminui. Você passa a gastar com mais propósito — e menos arrependimento.

E o futuro, como fica?
Entre os grandes desafios dos pais, dois se destacam: poupar para a faculdade e para a aposentadoria. Segundo o estudo, 80% dos pais consideram as finanças desde o planejamento familiar. E quase 90% querem contribuir com a faculdade dos filhos. Metade deles começa a poupar antes mesmo da criança completar 5 anos. Alguns, antes mesmo do nascimento.
Claro que nem todo mundo consegue fazer isso cedo. Mas nunca é tarde para começar. Mesmo pequenas quantias aplicadas com regularidade, aproveitando os juros compostos, podem fazer uma grande diferença com o tempo. E o mais importante: adaptar o plano à realidade da sua família.
Alguns pais escolhem bancar a mensalidade da faculdade, mas deixam hospedagem e alimentação por conta dos filhos. Outros incentivam a busca por bolsas de estudo e programas de ajuda financeira. Tudo é válido, desde que o plano seja realista e sustentável.
E quanto à aposentadoria?
Esse é o calcanhar de Aquiles de muitas famílias. Afinal, como guardar para o futuro quando o presente exige tanto? A resposta está na prioridade. Especialistas lembram que, diferentemente da faculdade, a aposentadoria não conta com bolsas ou financiamentos. Só você pode cuidar dela. E pensar nela não significa deixar de apoiar os filhos — significa proteger o bem-estar da família a longo prazo.
Por isso, incluir a aposentadoria no seu planejamento financeiro é essencial. Pense nela como parte da sua missão de cuidar da sua família. Porque, no fim das contas, filhos seguros e pais tranquilos caminham juntos.
Equilíbrio é o segredo
A culpa parental nos gastos com os filhos é real, mas pode (e deve) ser administrada com carinho e estratégia. Com um bom planejamento, dá para viver o presente, cuidar do futuro e ainda oferecer experiências incríveis para os filhos, sem perder o sono (ou o controle do cartão).