Esporte é bom, sempre! Além de ser importante apoiarmos as escolhas das crianças para se divertirem e fazerem amizades, qualquer tipo de atividade física faz bem para as crianças e deve ser incentivada. “Quando esta escolha é espontânea e livre, é muito provável que a criança leve o gosto pela prática de esportes por toda a sua vida. Isso não acontece quando a escolha é limitada por preconceitos ou imposições sociais, que limitam e afastam as crianças das atividades esportivas e pode fazer com que elas desenvolvam relações de negação e desprazer com as práticas esportivas”, explica a psicóloga Marcia Ribeira, mãe de Maria Valentina.
Desde cedo ouvimos falar que existem coisas de menina e de menino. Seja em casa, na escola, pelo bairro ou na internet, é comum vermos pessoas rotulando as outras por gênero. Isso acontece mais ainda com brincadeiras e esportes na infância. Dança é coisa de menina. Luta? Ah, só pra menino. Eles são mais fortes e elas, frágeis e delicadas. Vamos falar a real? Essa história não tá com nada! Definir esportes só para eles ou para elas é excluir a possibilidade de se divertir e também de socializar e fazer novos amigos, além de privar a criança de se identificar com o que gosta. “Elas acabam se afastando em vez de se juntarem na experimentação de atividades esportivas que são tão importantes no desenvolvimento de habilidades como compartilhar, dividir tarefas, respeitar e aprender a trabalhar em equipe”, alerta a psicóloga.
Do mesmo jeito que nos esforçamos para criar filhos que respeitem as pessoas, precisamos tirar esse tipo de preconceito da cabeça. “Tudo está passando por um processo de mudanças e, hoje em dia, a necessidade de cooperação, de dividir tarefas, despesas, obrigações e atividades está cada vez mais evidente. Nos esportes não deve ser diferente”, lembra a psicóloga.
E ainda bem que isso está mudando. Tanto que não foi difícil achar crianças que quebravam essas “regras” impostas por adultos, porque a garotada quer mais é brincar, seja lá do que for! Sofia, filha de Karen Kukashi e Alexandre Barbosa, de 8 anos, é uma delas. Ela queria tanto fazer futsal que insistiu para os pais deixarem que ela fizesse as aulas no Colégio Internacional Ítalo Brasileiro.
“Ela já vinha pedindo desde os cinco anos, mas como ela já fazia taekwondo e natação, achamos que seria puxado”, explica a mãe Karen. Ela e o pai até tentaram prorrogar a atividade, mas a menina insistiu e, há um ano e meio, está toda feliz jogando bola.
“Acho legal porque posso treinar com os meus amigos e também gosto das brincadeiras e jogadas de futsal”, conta Sofia. Os pais da menina nunca acharam que ela não deveria praticar o esporte por ser considerado coisa de menino. É isso aí!
“Bobagem! Isso não ajuda em nada na criação dos filhos. O mundo está mudando e se não acompanharmos, ficamos para trás. Criar os filhos é uma difícil missão, mas acreditamos que ensiná-los a respeitar as escolhas dos outros já é um bom começo”, lembra Karen.
Ainda bem que os pais da Sofia pensam assim. É muito importante que deixem as crianças conhecerem diferentes modalidades, estimulem estas experiências e apoiem a escolha dos filhos, de acordo com a psicóloga. São as atividades físicas que ajudam a desenvolver habilidades psicomotoras, aprendizagens, vivências, integração, senso de cooperação, divertimento e socialização. Quanto mais livre e prazeroso for este momento, melhor! O seu filho pode experimentar vários esportes até encontrar o que mais combina com ele.
Outro exemplo de criança decidida é a Juliana Yamasaki, de 8 anos, que também é do time das meninas que são superfãs do futebol e, mais ainda, das lutas. Os pais, Patricia de Souza e Mauro Yamasaki, contam que apresentaram todas as atividades da academia para a filha, incluindo balé, mas os olhos dela brilharam mesmo, quando viu a aula de judô. Demais!
Desde os 5 anos, ela adora essa arte. Os pais também aprovam a modalidade que, além da luta, também ensina cultura japonesa. “Acredito que independentemente do esporte que a criança escolher, será muito produtivo e feliz, pois vai trabalhar a disciplina, o convívio em sociedade, o respeito ao próximo, a concentração etc.”, pensam Patricia e Mauro.
A psicóloga concorda com os pais da Juliana! “Os pais devem mesmo apoiar seus filhos na escolha das atividades que os façam felizes e inteiros. Deixar que eles escolham vai ser algo inevitável rumo a uma sociedade mais humana, colaborativa, justa e plena”.
Sai chuteira, entra sapatilha
O pai e o avô do Aldo, que foi jogador de futebol, já tinham até comprado chuteira e todos os aparatos da modalidade, quando o menino quis fazer aula de jazz. Ele acompanhou duas amigas na colônia de férias da academia e se apaixonou pela dança.
A Catia, mãe dele, até achava que jazz era mais coisa de menina, mas mudou de ideia totalmente. “Criar filhos no mundo de hoje não é uma tarefa isolada, eles chegam em sua vida e te ensinam que educar é também uma troca”, afirma. Que bom que agora ela pensa assim e apoia o filho, porque ele ama fazer jazz. O garoto nasceu para isso, não tem como negar. “Não tenho problemas em assumir que faço dança, pelo contrário, isso só me ajuda”, conta Aldo.
É uma pena que o preconceito não tenha passado tão longe da vida do Artur, que faz balé clássico e também estuda no Colégio Internacional Ítalo Brasileiro, com a Sofia. Ele mesmo achava que era coisa de menina. Mas, com muita conversa e respeito, mudou sua visão.
“Eu descobri que é muito mais difícil do que todas as atividades que fiz, pois precisa de muito alongamento, força, disciplina, concentração, respeito, coordenação, musicalidade, ritmo. É uma forma de expressão!”, orgulha-se.
Ele tem 12 anos e faz balé desde os 6 anos, mas a mãe, Sandra Regina Saraiva, contou que desde os 4 anos, quando viu um filme sobre sapateado, ele se interessa pela dança. Nada mais natural, já que Sandra é professora de dança moderna. Então, desde pequeno ele acompanha a mãe nas aulas. Ele praticamente já ensaiava passos de dança no carrinho.
Hoje, ele se dedica mesmo! Ele pratica todos os dias no Studio de dança Marcia Pee, e ainda faz ensaios aos sábados quando tem apresentações. “Eu gosto muito das aulas e também das professoras. Gosto tanto que é inexplicável”, completa o menino.
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